É natural que, 17 anos depois de escutarmos a aguerrida concupiscência de ‘I Bet You Look Good on the Dancefloor’, os Arctic Monkeys de 2022 sejam uma banda profundamente diferente daquela que conhecemos quando a face do vocalista Alex Turner ainda espelhava a sua tenra idade. Também é perfeitamente natural que a música do quarteto de Sheffield tenha perdido o fulgor adolescente que a caracterizava em 2006, ano em que tomou o mundo de assalto com “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not”, álbum de estreia que atirou a banda de Sheffield, instantaneamente, para o quadro de honra do rock do novo milénio. Reconhecemos até que, todos estes anos volvidos, o grupo se mantém como último bastião — ou, pelo menos, o mais bem-sucedido — de uma turma britânica na qual pontuavam também nomes como Franz Ferdinand, Bloc Party ou Kaiser Chiefs — isto, claro, sem contar com os ‘pioneiros’ transatlânticos White Stripes e Strokes. Aquilo que já não nos parece tão natural é o facto de terem encaminhado, de forma deliberada, a sua sonoridade para uma madureza que não reflete as suas idades.
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