Bono recorda morte da mãe quando tinha apenas 14 anos. “Nunca mais falámos dela. Éramos três homens irlandeses a evitar a dor”
Bono, dos U2
Num excerto da sua nova autobiografia, “Surrender: 40 Canções, Uma História”, o líder dos U2 relembra o período de doloroso silêncio que se sucedeu à morte da mãe, em 1974
Bono vai editar a sua autobiografia, intitulada “Surrender: 40 Canções, Uma História”, a 1 de novembro e num excerto publicado agora na revista New Yorker pode ler-se a passagem na qual o líder dos U2 fala sobre a forma como a sua família lidou com a morte da mãe, em 1974, quando tinha apenas 14 anos.
Iris Hewson desmaiou no funeral do seu pai, tendo-lhe sido detetado o rompimento de um aneurisma que acabaria por custar-lhe a vida poucos dias depois. Bono, verdadeiro nome Paul David Hewson, recorda a angústia que sentiu ao visitar a mãe num hospital de Dublin, dizendo que depois da sua morte “nunca mais falámos dela”.
“Foi, na verdade, pior do que isso. Receio que raramente tenhamos pensado nela novamente”, acrescenta o músico, referindo-se ao pai, Bob Hewson (falecido em 2001), e ao irmão Norman, “éramos três homens irlandeses e evitámos sentir a dor que sabíamos que viria se pensássemos ou falássemos sobre ela”.
Ter-se dedicado à música foi a sua forma de fazer o luto, refere Bono, assumindo que tem “muito poucas memórias” da progenitora, de quem falaria, mais tarde, em canções como ‘I Will Follow’, ‘Mofo’ ou ‘Iris (Hold Me Close)’. “A minha mãe só me ouviu cantar publicamente uma vez”, escreve, “desempenhei o papel de Faraó no musical ‘Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat’, de Andrew Lloyd Webber. Era, na verdade, o papel de um imitador do Elvis, portanto foi isso que fiz”.
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