Björk, que no próximo dia 30 de setembro lança o seu novo álbum, “Fossora”, deu uma longa entrevista ao site “Pitchfork”, na qual aborda as inspirações deste trabalho.
Tendo perdido a mãe recentemente, a artista deixou-se influenciar por esse acontecimento, mas recusa que “Fossora” seja um álbum de luto. “O meu álbum de luto é o ‘Vulnicura’”, esclarece, referindo-se ao disco de 2015. Quanto a “Fossora”, diz, “não é um álbum de luto, mas engloba [essa realidade]”.
Em canções como ‘Ancestress’ e ‘Sorrowful Soil’, a islandesa reflete sobre os últimos dias da sua mãe, com quem teve uma relação de altos e baixos, ao longo das décadas. Mais recentemente, opôs-se às crenças da mãe no poder da homeopatia e em vários teorias de conspiração. “Em todas as gerações, revoltamo-nos contra qualquer coisa [da geração dos nossos pais], mas na verdade elas também faz parte de nós. São a nossa sombra”, acredita.
Ao longo de 20 anos, Björk diz nunca ter ido a um funeral, nem mesmo aos dos seus familiares - apesar de ajudar a preparar a parte musical da cerimónia. “Organizava os músicos e o alinhamento, mas não conseguia entrar na igreja, Ficava tão zangada. Sou ateia, então pensava: 'Espera lá. Têm ali um padre que nunca conheceu a pessoa que faleceu [a falar sobre ela]? É como ter um MC a rappar rimas que não escreveu.”
Quando a sua mãe morreu, Björk e o irmão decidiram organizar uma cerimónia não religiosa, conduzida numa igreja por um amigo ocultista. O processo de luto ficou completo com os vídeos de ‘Ancestress’ e ‘Sorrowful Soil’, realizados com Andrew Huang e James Merry, que Björk espera poderem funcionar como “uma bolha protetora” da memória da sua mãe.
Na mesma entrevista, Björk fala sobre o tempo que viveu em Nova Iorque e do desconforto com a violência da sociedade norte-americana. “A violência nos Estados Unidos acontece numa escala que eu não consigo compreender. E ter uma filha que é meio americana, a andar na escola a 40 minutos de Sandy Hook [palco de um massacre em 2012]… Quando estou na Islândia, absorvo todo o país. Se uma pessoa for morta no norte, ficamos todos magoados. É uma mentalidade insular. Nos Estados Unidos, a violência era demasiada para mim.”
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