Apesar do sorriso jovial, Olly Alexander, vocalista e desde o ano passado único membro dos Years & Years, já não é propriamente um miúdo. Do alto dos seus 32 anos, subiu ao palco principal do MEO Kalorama nesta primeira noite do festival para mostrar com que linhas adultas se cose a sua música. Munido de um vigoroso cancioneiro pop, daquele despudoradamente cravejado de purpurinas, o músico (e belíssimo ator) inglês atirou-se a uma performance suada que, certamente, teria direito a bolinha vermelha caso passasse na televisão. Entre coreografias a puxar para o voguing, servidas, por vezes, com a ajuda de bailarinos e bailarinas vestidos com indumentárias fetichistas, e a entrada e saída de palco de adereços que foram desde uma cabine telefónica a uma cama de casal, Alexander passeou-se entre as canções de hoje e de ontem que lhe valeram a escalada aos primeiros lugares do top britânico (e não só!).
Se ‘Sanctify’ teve direito a um dos momentos mais provocadores, com encenações bastante ‘in your face’ de engates consumados num cubículo de casa de banho, o cantor não se fez rogado na hora de apresentar a sua visão suada da pop, muito bem acompanhado por um coro que lhe seguiu todos os passos e uma vigorosa baterista que fez toda a diferença na hora de dar corpo a canções como ‘Worship’ ou ‘Desire’, resgatada aos primórdios dos Years & Years. “Como estão aí em baixo, Kalorama?”, perguntou, a dado momento. O público, que se manteve firme até ao final do concerto, respondeu de forma acalorada. “Como eu disse, somos os Years & Years e estamos muito felizes por estar aqui. É bom estar de volta”, atirou, antes de, corajoso, se sentar no piano para dar início a uma versão bombástica do clássico dos Pet Shop Boys ‘It’s a Sin’ – tema que dá título, também, à série de televisão que protagonizou no ano passado e lhe valeu rasgados elogios.
Deitado, sozinho, numa cama de casal gigante, deu início à sequência final da performance puxando pelo novo álbum, “Night Call”, editado em janeiro deste ano: primeiro com uma intensa ‘Crave’, depois com uma colorida ‘Starstruck’, prova provada de que um refrão direto ao assunto continua a ser garante de sucesso. Para o fim, depois de uma borbulhante ‘If You’re Over Me’, ficou reservado, claro, o êxito que toda a gente conhece: ‘King’, resgatada ao ano de 2015, é uma grande canção pop e como todas as canções pop o seu efeito não se desgasta. Até à vénia final, alongou-se o banho de aplausos. A história deste MEO Kalorama já tem aqui um dos seus primeiros vencedores.
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