Não será certamente inédito, mas foi preciso chegar a edição de 2022 para que a equipa da BLITZ, na sua tradicional viagem pelo campismo do MEO Sudoeste, se deparasse com um festivaleiro-leitor. Afonso, lisboeta de 22 anos, estudante de Física, estava embrenhado na leitura de “A Teoria de Tudo – A Origem e o Destino do Universo”, de Stephen Hawking, numa rede junto ao canal, quando a BLITZ o abordou. “Eu sei que é estranho…”, confessou, antes de explicar que era a sua primeira vez no festival. “Já tinha tido curiosidade em vir antes, mas como na pandemia não deu, vim agora”. Acrescenta, também, que não decidiu vir pelos artistas, “mais pela vivência e estar com os amigos”. “É uma coisa que nunca tinha experimentado. Foi só mesmo para ver se gosto e está a ser bom. E há muitas coisas para fazer aqui. Ficamos a conversar, exploramos o que há para aí, jogamos às cartas e vamos aqui ao canal ou à praia. Isto [estar a ler] é um ‘mau exemplo’”.
Sobre as atuações, Afonso destaca Timmy Trumpet, Karetus e Chico da Tina (“nunca tinha visto e estava curioso para ver”). “Foram, basicamente, esses três que me causaram melhor impressão. Hoje também estou curioso para ver o Steve Aoki, embora não seja muito o meu tipo de música”. O DJ norte-americano, que encerra esta terceira noite de atuações no palco principal do festival, foi, de resto, a razão pela qual um casal com quem a BLITZ se cruzou no recinto, e que preferiu manter o anonimato, decidiu vir até ao MEO Sudoeste. “Este festival é um festival mais jovem. Temos visto pelas imagens. Mas já vimos aí pais com crianças”, assumem. Estreantes no festival da Zambujeira, acrescentam: “Viemos especificamente para ver o Steve Aoki. Não viemos vê-lo em anos anteriores porque não calhou”.
De volta ao campismo, entre a lavagem de louça e a animação nos duches – ao som de clássicos populares da música brasileira como ‘Beleza Rara’ de Ivete Sangalo ou ‘Milla’ de Netinho – encontramo-nos com um grupo de amigas que não se queixa da segurança, mas afiança que nenhuma vai “sozinha às casas-de-banho”. Afonso, o leitor improvável, diz que não tem tido problemas com “as comodidades”, queixando-se apenas das filas e da geleira que roubaram ao seu grupo. “Tirando isso, tudo tranquilo. Desde que se ponham as coisas dentro da tenda, que é o que fazemos agora… Tínhamos a geleira em cima da mesa e aquilo foi só passar e levar”. Chegados ao canal, bastante concorrido àquela hora, encontramos um nadador-salvador que nos garante que “não tem havido ocorrências de maior”, esclarecendo que houve apenas alguns ferimentos causados por mergulhos mais descuidados.
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