A incrível história de sucesso do carioca Pedro Sampaio começou há aproximadamente dois anos, mas Portugal abraçou-o com um fervor tal desde então que faz todo o sentido que o seu primeiro concerto fora do Brasil tenha sido num palco nacional. Aconteceu esta noite no MEO Sudoeste e ninguém que tenha passado pela Herdade da Casa Branca, dos mais novos aos mais velhos, terá ficado indiferente à sua atuação. Numa mistura eficaz entre DJ set e concerto, o artista salpicou mais de duas horas enérgicas com os seus êxitos, grandes mas contáveis pelos dedos de uma mão, e um desfile improvável de sucessos alheios: de ‘I Gotta Feeling’ dos Black Eyed Peas a ‘Envolver’ da sua amiga Anitta, recuando até aos anos 90 via ‘The Rhythm of the Night’ de Corona e ‘I Like to Move It’ de Reel 2 Real.
Temperando tudo com o seu ritmo funkeiro, o artista arrancou o espetáculo por trás da mesa de mistura, animando a multidão enquanto lhe pedia para repetir o seu nome. “Chama Meu Nome”, claro, é o título do seu disco de estreia, editado no ano passado, do qual apresentou canções como ‘Atenção’, dueto com a compatriota Luísa Sonza, ou ‘Bagunça’ (com direito a uma batalha de dança em palco entre um abacaxi e um cogumelo), recuando também mais atrás a momentos como ‘Vai Menina’ ou ‘Sentadão’, canções cujas letras têm em comum uma fixação grande com o verbo “sentar” e uma zona do corpo feminino muito específica – a mesma que, de resto, o coletivo de bailarinas fez questão de rebolar como se não houvesse amanhã. “Quem está comigo, Portugal? Joga bunda!”, incentivou Sampaio.
Quando chegou o êxito ‘Galopa’ o público foi à loucura. “Que noite maravilhosa”, exclamou o músico, verbalizando o seu amor pelo nosso país momentos antes de assumir: “É muito importante que vocês saibam que estão fazendo parte de um sonho. Este é o meu primeiro show fora do Brasil, este é o meu primeiro show em Portugal”. Ora agarrado à caixa de ritmos na frente de palco, ora juntando-se à coreografia dos bailarinos, Pedro Sampaio seguiu caminho ziguezagueando entre ‘No Chão Novinha’, seu dueto com Anitta; ‘Satisfaction’ de Benny Benassi (“Só uma dúvida: quem está solteiro hoje?”); ‘Chama Ela’, colaboração com Lexa; ‘WAP’ de Cardi B e Megan Thee Stallion; ou até ‘So What’ de Pink. “Quem está feliz levanta a mão para o alto”, instigou, “esquece todos os problemas. Hoje é dia de a gente se divertir, Portugal!”.
“Agora, o momento que eu estava esperando e vocês também”. O ponto mais alto da diversão, claro, foi atingido com ‘Dançarina’, a canção que bateu recentemente um record de permanência no topo da tabela de singles portuguesa, servida num mashup que juntou a versão original e uma nova remistura em espanhol. Isto entre uma receita inusitada que passou por uma versão funkeira de ‘Crazy in Love’ de Beyoncé, ‘Dákiti’ de Bad Bunny, ‘Industry Baby’ de Lil Nas X, ‘Dog Days Are Over’ de Florence + The Machine ou… ‘Macarena’ dos Los Del Río. “Portugal, só tenho uma coisa para falar com vocês: esta m*rda é que é boa!”. O público não se escusou a concordar. No final, envolto numa bandeira portuguesa, despediu-se cantando novamente 'Dançarina', mas desta vez lá do alto, numa grua que o elevou por cima da plateia.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt