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Jovem Dionísio no MEO Sudoeste. O Pedrinho até acordou, os festivaleiros é que nem por isso

No segundo concerto em solo nacional em pouco mais de um mês, a banda brasileira Jovem Dionísio provou que tem muito mais para oferecer do que a canção-fenómeno ‘Acorda Pedrinho’. O quinteto de Curitiba esforçou-se por ter o público a seu lado num concerto competentíssimo, mas só no final vimos algum entusiasmo avolumar-se

Jovem Dionísio no MEO Sudoeste. O Pedrinho até acordou, os festivaleiros é que nem por isso

Rita Carmo

Fotojornalista

A ascensão meteórica dos brasileiros Jovem Dionísio, a reboque do sucesso viral ‘Acorda Pedrinho’, canção que editaram no início do ano, já lhes valeu duas vindas a Portugal: há pouco mais de um mês marcaram presença no Rock in Rio-Lisboa e voltaram esta noite para um concerto no MEO Sudoeste (“Nem pensávamos que viríamos uma vez, portanto… Acreditem nos vossos sonhos”). Apesar de ter começado com pouco público frente ao palco e de nunca ter conseguido atrair uma grande enchente, o quinteto ofereceu um espetáculo vibrante, bem-humorado, que serviu para provar que há muito mais para conhecer do que um mero sucesso de TikTok na sua curta discografia. Trouxeram o álbum de estreia, igualmente intitulado “Acorda, Pedrinho”, editado há poucos meses, mas apresentaram, também, canções gravadas com artistas como Anavitória ou Gilsons.

Entrando em palco um a um, depois de surgirem no ecrã gigante com as cabeças aumentadas e envergando os uniformes que ostentam na capa do disco, os cinco elementos mostraram cedo que não tinham vindo para marcar passo à Zambujeira do Mar, oferecendo uma receita de temas veraneantes com uma segurança que não denota a ainda imberbe carreira. As ondulações de ‘Risco’, o baixo forte de ‘É Osso’ e um balsâmico ‘Invisível’ serviram de arranque ao concerto. “Boa noite, MEO Sudoeste. Tudo bem? Fiquem bem à vontade para dançar e cantar”, propôs o vocalista, Bernardo Pasquali, “devem começar a suar daqui a pouco. Se não começarem há algo de errado”. A banda bem se esforçou, mas o suor foi pouco, mesmo ao som dos ritmos sintetizados, e envolventes, de ‘Não Dá Mais’, ‘Aguei’, colaboração com as compatriotas Anavitória, ou ‘Pastel’, momento de maior interação entre músicos e plateia.

“Que prazer estar aqui esta noite. Nós somos a banda Jovem Dionísio e somos de Curitiba”, exclamou o cantor, antes de revelar que o grupo andou a passear pelo campismo do festival à tarde. “Demos uma volta na represa, no canal. Estava quente. Vamos fazer com que a noite seja quente também, pode ser?”. Não foi por falta de tentativa, mas o ambiente não esquentou o suficiente para abafar o vento frio que soprava na Herdade da Casa Branca. Na reta final da atuação, entre uma “levada de funk” que serviu para apresentar os cinco elementos da banda um a um (e dar palco aos seus melhores passos de dança) e uma baladeira ‘Aquele Ritmo’, parceria com os Gilsons, finalmente houve alguma agitação na plateia ao som de ‘Tu Tem Jeito de Que Gosta’, a guitarra rasgada de ‘Amigos Até Certa Instânca’ e o assobio de ‘Pontos de Exclamação’. Sabiamente reservada para o final, ‘Acorda Pedrinho’ teve, claro, direito a um coro agigantado. Mereciam mais, mas algo nos diz que a ligação dos Jovem Dionísio a Portugal tem muito por onde crescer.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

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