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Pedro Abrunhosa diz-se “intimidado” pela Embaixada da Rússia e pede “posicionamento” ao governo português

Pedro Abrunhosa
Pedro Abrunhosa

Reagindo a um comunicado da Embaixada da Rússia em Portugal, Pedro Abrunhosa esclarece que não confunde “a Rússia e o seu povo com o seu regime e os seus líderes” e considera preocupante que “um cidadão português, em Portugal, seja assim intimidado por uma representação diplomática estrangeira”

Pedro Abrunhosa pede ao governo português um posicionamento sobre as críticas que lhe foram dirigidas pela Embaixada da Rússia, na sequência da atuação do músico no festival AgitÁgueda, em Águeda, a 2 de julho, durante a qual o músico do Porto se insurgiu contra o presidente russo Vladimir Putin e a atuação do regime russo no contexto da invasão da Ucrânia.

"Compreendemos que a Embaixada da Rússia não entenda facilmente o significado de liberdade de expressão, mas não deixa de ser inédito e muito preocupante que um cidadão português, em Portugal, seja assim intimidado por uma representação diplomática estrangeira", pode ler-se em comunicado emitido pela Sons em Trânsito, agência que representa Abrunhosa.

Por este meio, afirma-se também que "o artista Pedro Abrunhosa tem um profundo respeito e admiração pelo povo russo, pela cultura russa e em nenhum momento colocou isso em causa na sua atuação em Águeda ou em qualquer outro espetáculo". Abrunhosa, continua o comunicado, "não confunde a Rússia e o seu povo com o seu regime ou os seus líderes" e garante que "continuará a utilizar a sua voz" para esta "ou outras causas que lhe pareçam justas, sempre que assim o entender".

"Portugal é, felizmente, um país com um regime democrático de raízes fundas e verdadeiramente consolidadas. A liberdade de expressão é um dos seus pilares mais importantes e do qual Pedro Abrunhosa jamais prescindirá", pode ler-se. "Compete aos cidadãos, mormente aos artistas, fazer com que a barbárie não caia na normalização".

Esta sexta-feira à noite, o Ministério dos Negócios Estrangeiros veio repudiar o "tom e conteúdo" do comunicado da Embaixada da Rússia em Portugal, tendo sublinhado "através dos meios diplomáticos", "a liberdade de expressão, com particular ênfase no domínio cultural e artístico, como um valor inalienável em Portugal".

Recorde-se que, em Águeda, ao interpretar 'Talvez F****' (que nos anos 90 dirigiu, em concertos, ao então primeiro-ministro Cavaco Silva), Pedro Abrunhosa adaptou a letra para fazer referências a Putin, pedindo ao público para que se juntasse a si no coro: go f*** yourself. "É Águeda que manda, Vladimir", acrescentou. Nas suas redes sociais, a Embaixada da Rússia afirmou que retiraria "as respetivas conclusões" das palavras do músico, que acusa de ter dito "várias coisas grosseiras e inaceitáveis sobre os cidadãos da Federação da Rússia".

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