Quando Woodkid se estreou nos álbum, nesse longínquo ano de 2013, o público português foi rápido a abraçá-lo, ainda antes de 'Run Boy Run' se tornar a canção-monumento que, entretanto, foi utilizada como banda-sonora de tudo e mais alguma coisa: de filmes publicitários a blockbusters de Hollywood, passando por populares séries de televisão ou eventos desportivos. Poderia até pensar-se que a pequena multidão que acorreu à sala Tejo da Altice Arena, nesta última noite do festival Super Bock Super Rock, o fez com o único intuito de ouvi-la, mas claramente foi muito mais do que isso o que os moveu.
A prestação em palco de Woodkid, cujo verdadeiro nome Yoann Lemoine, é envolvente, sedutora e chega bem munida de argumentos para deixar qualquer um maravilhado, não só com a voz densa e profunda do cantor como com a mestria dos músicos que o acompanham e o ajudam a criar um ambiente grandioso, que tanto parece atirar-nos para um contexto cinematográfico como para uma cerimónia ecuménica.
'Run Boy Run', de resto, ficou bem guardada para a explosão final, com o músico francês a esmerar-se na hora de conciliar as canções bem gravadas na memória de "The Golden Age", o disco que o apresentou ao mundo, e os temas que criou para "S16", editado em 2020 e coproduzido pelo mesmo Ryan Lott, que, momentos antes, pisara aquele mesmo palco com os seus Son Lux. Entre um início luxuriante com 'Iron', mostrando logo à partida todo o poder que a percussão exerce na sua música, à pompa de 'Conquest of Spaces', Woodkid foi construindo uma performance hipnótica, embalada pelos vídeos minimalistas projetados no ecrã que fundeava o palco.
O intimismo de 'Pale Yellow', um dos momentos mais bonitos do segundo disco, a solenidade de 'Reactor', as percussões sintetizadas de 'Highway 27' e o momento orquestral fantasmagórico de 'So Handsome Hello' foram alguns dos pontos fortes de uma atuação que, contudo, atingiu os níveis máximos de celebração quando os hinos 'I Love You' e 'The Golden Age', resgatados ao primeiro disco, ecoaram pelas paredes da sala. "Este festival foi um dos primeiros que fizemos quando lancei o meu disco de estreia, portanto estamos muito felizes por voltar". Avaliando pela receção calorosa do público lisboeta, a felicidade foi bem partilhada.
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