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Woodkid no Super Bock Super Rock. Grandioso como um filme, intenso como uma religião

Oito anos depois de se apresentar neste mesmo festival, mas no Meco, Woodkid trouxe de volta a grandiosidade das suas composições a um cenário bem diferente. E foi recompensado por um público que não o esqueceu (e não estava ali só para o ouvir cantar o hino 'Run Boy Run')

Woodkid no Super Bock Super Rock. Grandioso como um filme, intenso como uma religião

Rita Carmo

Fotojornalista

Quando Woodkid se estreou nos álbum, nesse longínquo ano de 2013, o público português foi rápido a abraçá-lo, ainda antes de 'Run Boy Run' se tornar a canção-monumento que, entretanto, foi utilizada como banda-sonora de tudo e mais alguma coisa: de filmes publicitários a blockbusters de Hollywood, passando por populares séries de televisão ou eventos desportivos. Poderia até pensar-se que a pequena multidão que acorreu à sala Tejo da Altice Arena, nesta última noite do festival Super Bock Super Rock, o fez com o único intuito de ouvi-la, mas claramente foi muito mais do que isso o que os moveu.

A prestação em palco de Woodkid, cujo verdadeiro nome Yoann Lemoine, é envolvente, sedutora e chega bem munida de argumentos para deixar qualquer um maravilhado, não só com a voz densa e profunda do cantor como com a mestria dos músicos que o acompanham e o ajudam a criar um ambiente grandioso, que tanto parece atirar-nos para um contexto cinematográfico como para uma cerimónia ecuménica.

'Run Boy Run', de resto, ficou bem guardada para a explosão final, com o músico francês a esmerar-se na hora de conciliar as canções bem gravadas na memória de "The Golden Age", o disco que o apresentou ao mundo, e os temas que criou para "S16", editado em 2020 e coproduzido pelo mesmo Ryan Lott, que, momentos antes, pisara aquele mesmo palco com os seus Son Lux. Entre um início luxuriante com 'Iron', mostrando logo à partida todo o poder que a percussão exerce na sua música, à pompa de 'Conquest of Spaces', Woodkid foi construindo uma performance hipnótica, embalada pelos vídeos minimalistas projetados no ecrã que fundeava o palco.

O intimismo de 'Pale Yellow', um dos momentos mais bonitos do segundo disco, a solenidade de 'Reactor', as percussões sintetizadas de 'Highway 27' e o momento orquestral fantasmagórico de 'So Handsome Hello' foram alguns dos pontos fortes de uma atuação que, contudo, atingiu os níveis máximos de celebração quando os hinos 'I Love You' e 'The Golden Age', resgatados ao primeiro disco, ecoaram pelas paredes da sala. "Este festival foi um dos primeiros que fizemos quando lancei o meu disco de estreia, portanto estamos muito felizes por voltar". Avaliando pela receção calorosa do público lisboeta, a felicidade foi bem partilhada.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

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