Nascido em Atlanta, no estado sulista da Geórgia, Todd Michael Bridges, mais conhecido por Leon Bridges, tem três álbuns no currículo e dois ou três temas capazes de soar mais familiares aos ouvidos de um público que, tal como o do Super Bock Super Rock nesta noite de quinta-feira, não estará ali especificamente para vê-lo. Na terça-feira, um dia antes de celebrar o seu 33º aniversário, o norte-americano atuou no Coliseu do Porto; hoje, fez uma espécie de concerto de abertura para o artista que mais festivaleiros querem ver, A$AP Rocky. Apesar de ter atuado em Portugal no passado fim de semana, o rapper ter-se-á apresentado perante uma plateia sobretudo internacional, no festival Rolling Loud, no Algarve. O espetáculo no Super Bock Super Rock será a estreia do companheiro de Rihanna em Lisboa e é o grande chamariz do primeiro dia do festival que veio do Meco. Mas Leon Bridges, fiel a uma cartilha de devoção à soul mais clássica, com Otis Redding e Sam Cooke como santos padroeiros, deu um concerto honesto e afável, ainda que sem grandes arroubos de paixão.
Acompanhado por uma banda de som sumptuoso, com saxofone e teclas, percussão e poderosas vozes de apoio, o cantor surgiu em palco vestido integralmente de branco, com calças à boca de sino e camisa rendada. Mas, apesar de alguém já ter escrito que o seu som é tão retro como o seu visual, nem sempre Leon Bridges fica estacionado no (mesmo) passado. Em 'Steam', por exemplo, avança umas décadas para o revivalismo rock do compatriota Lenny Kravitz, que por estes dias anda "em lazer" por Lisboa; em 'Beyond' aproxima-se do timbre meigo de Ben Harper, e em 'Brown Skin Girl' explora, com bons resultados, a rugosidade da sua voz.
Com a 'casa' a compôr-se de público, o concerto caminha com vagar e estilo q.b. para um dos momentos mais aguardados: 'Texas Sun', fruto do encontro feliz de Leon Bridges com os texanos Khruangbin, é um pedaço abençoado de country-soul que se deixa levar pela languidez de um dia de verão. Faces rosadas, telemóvel lá longe, todo o tempo do mundo e um golpe de asa de que nem todo o repertório de Leon Bridges goza - e está feito um momento para mais tarde recordar, eventualmente nos telemóveis que o registaram.
Para o final, o homem que, em palco, se deixou guardar pela imagem de uma imponente pantera negra, guardou dois tiros certeiros: a orelhuda 'Bad Bad News' e, partilhada na frente do palco, com a bela cantora Brittni Jessie, único membro feminino da sua banda, a balada 'River'. Incluída na banda-sonora da série 'Big Little Lies', a canção apanhou assim boleia do planeta streaming para os ouvidos da plateia, que acompanhou o momento de alguma solenidade & emoção acendendo telemóveis e até, seguindo a onda retro do nosso anfitrião, um ou outro isqueiro. Foi bonito.
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