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Jorja Smith no NOS Alive. Canções em trança, a versão de Amy Winehouse e uma voz quentinha quentinha

Três anos depois de um primeiro concerto, a britânica Jorja Smith voltou ao festival de Algés para uma atuação seguríssima, de confirmação de talentos inegáveis. E, como brinde, recordou Amy Winehouse

Jorja Smith no NOS Alive. Canções em trança, a versão de Amy Winehouse e uma voz quentinha quentinha

Rita Carmo

Fotojornalista

Jorja Smith encontra-se naquele estranho território da revelação que já deixou de o ser, mas que, apesar de ter um mar de possibilidades em seu redor, ainda não fincou bem os pés na primeira liga nem, por outro lado, deu por si caída em esquecimento. Aconteça o que acontecer, no futuro, uma coisa é certa: não serão os seus (incríveis) dotes vocais a estragar a fotografia. No início da abrasadora noite deste segundo dia de NOS Alive, a artista britânica defendeu um leque de canções consistente com uma voz seguríssima, sem se deixar levar pelo impulso dos floreados, e uma presença que não precisa de grandes palavras para cativar multidões.

A receita de r&b futurista, nunca demasiado arriscado, que ficámos a conhecer melhor no álbum de estreia “Lost & Found”, de 2018, transforma-se num animal completamente diferente em palco: a voz aprofunda-se, os ritmos intensificam e as melodias brilham de outra forma. Bem acompanhada por um competentíssimo coro, Smith revisitou com a sua voz de mel os momentos mais intensos da estreia – uma sedutora ‘Teenage Fantasy’ a abrir, as teclas encantadas de ‘Blue Lighs’ mais para o final – mas, pelo meio, abriu o leque para o afrobeat de ‘Be Honest’ e uma bamboleante ‘Come Over’ e atirou-se, claro, às canções do mais recente EP, “Be Right Back”, editado no ano passado.

Se a balada ‘Addicted’, uma inebriante ‘Gone’ e a agitação de ‘Bussdown’ já estavam na ponta da língua dos fãs que se concentraram frente ao palco principal, foi com uma versão leve como a brisa que, felizmente, começou a correr em Algés de ‘Stronger Than Me’, clássico de Amy Winehouse, que os ânimos mais se exaltaram. A simpatia do sorriso ajudou Jorja Smith, e a sua incrível banda, “a melhor do mundo”, como a própria disse antes de a apresentar, a assinar um dos concertos mais simples e bonitos deste segundo dia de NOS Alive.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

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