Não se pode dizer que cada concerto dos britânicos Jungle traga novidades significativas em relação ao anterior. O que não é necessariamente problemático quando o septeto londrino não falha num aspeto essencial: a música que apresenta ao vivo, não variando substancialmente daquela que conhecemos dos três discos que já lançou, é expansiva, indisfarçavelmente dançável e com uma franca capacidade de cativar o público. Tanto ao fim da tarde (como hoje em Algés) ou noite dentro (como há quatro anos em Paredes de Coura).
O historial dos Jungle nos palcos portugueses já vai longo, sendo este o sexto concerto que o grupo liderado por Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland dá em Portugal - o primeiro, curiosamente, neste mesmo Passeio Marítimo de Algés, em 2014, ano em que o grupo lançou o álbum de estreia.
Um dos 'segredos' do sucesso do combo britânico é, não se estranhe, a repetição. A matriz neo-soul/electro-funk/neo-soul é mantida em canções como 'Keep Moving', 'The Heat' ou 'Busy Earnin', parecendo por vezes que a música dos Jungle é uma só, propulsionada por um baixo funcional, uma rítmica sublinhada (bateria e percussão) e o duo de teclados capaz de colorir a panóplia sonora (onde também entra, a dada altura, a flauta transversal). Aqui e ali, viajamos para uma certa acidez do arranque dos anos 90 britânicos (Bristol), mais adiante a piscadela de olho ao disco-sound é evidente ('Casio', com o 'snippet' de 'Stayin' Alive', dos Bee Gees; a nova 'Good Times', que tem um título convenientemente pilhado ao sucesso dos Chic) e até há psicadelismo pontual ('Fire').
Bem dispostos e vestidos para o verão português, os Jungle levarao ao NOS Alive uma 'sunset party' requintada. Diga-se, sem rodeios: são bons nisso.
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