Jason Derulo, o homem TikTok no Rock in Rio Lisboa: um morno sedutor para o pôr do sol da Bela Vista

Jason Derulo tem um currículo 'simpático' no pop/R&B contemporâneo, com três dezenas de milhões de singles vendidos (contas do streaming) e um punhado de canções que a memória radiofónica (e não só) faz questão de avivar.

Esteve, sem grande história, no MEO Sudoeste 2018, voltando agora com um capital extra: durante a pandemia, samplou 'Laxed (Siren Beat)' (excerto musical da autoria do neozelandês Jawsh 685 que se tornou viral no TikTok) e tornou-se uma estrela da rede social chinesa (desde que aderiu à plataforma, foi num ápice de 6 a 33 milhões de seguidores e consta que receberá mais de 70 mil euros por cada vídeo publicado).

'Savage Love', a canção TikTok de Derulo, foi porventura o momento mais bem recebido de um fim de tarde morno na Bela Vista, onde uma enorme plateia aguarda as estrelas maiores do dia, Anitta e Post Malone. O seu espetáculo não impressiona: a música assenta maioritariamente em bases pré-gravadas (disparadas por DJ), em tudo iguais aos originais já conhecidos, uma bateria e um baixo 'live' limita-se a sublinhar o ritmo, as vocalizações provêm parcialmente de playback, o que não ajuda na altura de discernir o que Derulo está realmente a cantar no momento daquilo que já vem previamente 'vestido'. Bailarinos de branco ajudam a preencher o cenário. É, digamos, um espetáculo relativamente portátil que, não obstante o elevado número de artistas em palco, parece ocupar pouco 'espaço' no gigante Palco Mundo.

Depois de 'Wiggle' e 'Take You Dancing', estreou-se ao vivo 'Slidin', mas foi - mais adiante - com 'It Girl' e 'Trumpets' que Derulo conseguiu aquecer um pouco mais a plateia, antes de um remate final em crescendo, com uma curiosa citação de 'Time to Say Goodbye', de Andrea Bocelli, a anteceder 'Goodbye' (tema com David Guetta, que teve direito a coro coletivo de 'Seven Nation Army', dos White Stripes) e o rap de 'Talk Dirty'. Terminamos com os temperos 80s de 'Want to Want Me', o primeiro single daquele que é (ainda) o álbum mais recente de Jason Derulo, "Everything 4", lançado em 2015, onde outra vez o playback (agora ostensivamente vocal) acabou por retirar o aspeto 'vivo' a um 'show' que não se revelou particularmente memorável.