As origens dos UB40 remontam a 1978, em Birmingham, numa altura em que em terras ingleses se vivia uma época de fulgor reggae e ska graças ao surgimento de bandas como os Specials e os Madness.
Com um pendor maior no reggae melódico (entenda-se: pop), a banda de Ali Campbell pontuou os anos 80 e o início dos 90 com sucessos como 'Red Red Wine', 'I Got You Babe', 'Please Don't Make Me Cry', 'Homely Girl' e 'Can't Help Falling In Love', versões de temas de proveniências tão diversas como Neil Diamond, Sonny & Cher, The Chi-Lites, Elvis Presley e Eric Donaldson.
Não sendo, por definição, uma banda de 'covers', foi quase sempre graças ao tratamento reggae de êxitos de outrem que os UB40 encontraram as tabelas de vendas. No concerto do Rock in Rio Lisboa, perante uma multidão muito mais generosa do que aquela que recebeu os Bush, esta versão dos UB40 (há 2 em digressão, e só esta conta com o vocalista original, Ali Cambpell) fez tudo certo, mantendo o público na mão, com um alinhamento que começou com 'Here I Am (Come and Take Me)', de Al Green, e terminou com tudo o que a Bela Vista queria ouvir, 'Can't Help Falling In Love' e 'Red Red Wine'.
Ali Campbell mantém uma voz sedosa e torneada, a banda de 7 elementos não 'inventa' (baixo, guitarra, bateria, percussão, teclados, um par de metais, dois cantores no coro), e agradar o público é a missão, tanto nas incitações constantes do percussionista, como na forma sábia como as versões de temas mais populares se intrometem no alinhamento - o caso de 'Purple Rain', de Prince.
A dada altura, os aplausos para o concerto festivo e muito bem conseguido que vemos em palco confundem-se com os 'bruás' que se ouvem de cada vez que os ecrãs laterais exibem demonstrações de carinho de casais na plateia. Pode dizer-se que a "vingança dos anos 80" neste penúltimo dia de Rock in Rio começou aqui. E a palavra de ordem, por ora, é amor.
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