Blitz

Rock in Rio Lisboa: Os Muse venceram a chuva com um concerto de guerrilha. Cada êxito foi uma bala direta ao coração

Foi o quarto concerto dos Muse no Rock in Rio Lisboa e ao quarto concerto, que lhes caiu ao colo depois do cancelamento dos Foo Fighters, o trio britânico não desiludiu. Entre os clássicos, Matt Bellamy e companhia mostraram algumas das canções que figurarão no novo álbum, “Will of the People”, a editar em agosto

Rock in Rio Lisboa: Os Muse venceram a chuva com um concerto de guerrilha. Cada êxito foi uma bala direta ao coração

Rita Carmo

Fotojornalista

Os Muse são uma das bandas britânicas mais assíduas em palcos portugueses nas últimas duas décadas. Passaram por todos os grandes festivais, tocaram nos principais palcos do país e continuam a arrastar multidões sempre que regressam. Esta noite, apresentaram-se pela quarta vez no Rock in Rio Lisboa e apesar de, certamente, haver na plateia quem preferisse ter assistido a um concerto dos Foo Fighters, como estava inicialmente agendado, quem decidiu manter o bilhete não terá saído do Parque da Bela Vista a sentir-se defraudado. O trio de Teignmouth vem de uma escola de rock bem diferente da banda de Dave Grohl, mas apesar de a receita não mudar muito, um concerto dos Muse é sempre um pequeno grande estrondo. A encerrar este primeiro dia de Rock in Rio Lisboa, nem a chuva demoveu Matt Bellamy e companhia de apresentar um espetáculo recheado de êxitos que serviu, também, para antecipar o novo álbum, “Will of the People”, a editar no próximo mês de agosto.

E foi precisamente com a canção possante que dá nome ao disco, e já mereceu comparações a ‘Beautiful People’ de Marilyn Manson, que a banda abriu o concerto. Depois de arrancar as máscaras que lhes tapavam a cara, o trio não perdeu tempo e foi buscar bem lá atrás uma ‘Hysteria’ que, com o seu gingar sedutor, puxou da enorme multidão que enchia o Parque da Bela Vista o primeiro grande coro da noite. Seguindo pelas canções mais eficazes de uma discografia que se alonga por oito discos de originais (com o nono à espreita), a banda deixou o público perder a compostura com ‘Psycho’, ‘Pressure’ ou uma velhinha ‘Stockholm Syndrome’. Entre exibicionismos de guitarra, estudados ao ínfimo pormenor, e os agudos de Bellamy, que continuam no ponto, a chuva começou a cair certinha e não parou até ao final da atuação. Escusado será dizer que ninguém quis saber.

‘Won’t Stand Down’ e, especialmente, uma sedutora ‘Compliance’ ajudaram a perceber que o novo disco pode até ainda não ter saído mas começa já a entranhar-se no coração dos fãs. De “Will of the People”, a banda apresentaria ainda, já no curto encore, ‘Kill or Be Killed’, tema que não foi ainda editado oficialmente, como Bellamy fez questão de sublinhar, mas já corre por essa internet fora há largos meses. Contudo, foi o desfiar dos grandes êxitos que deixou o público pelo beicinho, cantando a plenos pulmões e saltando como que a tentar afugentar as gordas gotas de chuva. Depois de recuperarem ‘Though Contagion’ a “Simulation Theory”, disco que anteciparam na edição de 2018 do Rock in Rio Lisboa, os Muse serviram sucesso atrás de sucesso: ‘Time is Running Out’, ‘Madness’, ‘Supermassive Black Hole’ e ‘Plug In Baby’, antecipada por um estranho diálogo entre a guitarra distorcida e a plateia, foram suficientes para deixar a multidão sem fôlego... mas ainda havia mais.

Sacando de alguma nostalgia dos anos 80 numa hiper-sintetizada ‘Behold, the Glove’, assinada por Bellamy a solo, a banda encerrou o corpo principal do concerto com uma dupla infalível: uma cavalgante ‘Uprising’, com todo o seu apelo revolucionário, e ‘Starlight’, balada luminosa que não perdeu um pingo de encanto nos seus 16 anos de existência. Servida pelo vocalista bem juntinho ao público, a apelar “canta, Portugal”, a canção serviria de “até já”. Abandonaram o palco por alguns instantes, durante os quais ninguém arredou pé, para depois servir ‘Kill or Be Killed’ e, claro, o habitual efervescente ponto final, ‘Knights of Cydonia’, preanunciada por uma harmónica de western futurista. “Obrigado por terem ficado connosco apesar da chuva”, agradeceu o vocalista, momentos antes de o céu da Bela Vista se iluminar com fogo de artifício.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate