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Sharon Van Etten: “Somos sobreviventes e adaptamo-nos. Estou a voltar ao trabalho, mas sinto um aperto no peito que não é apenas ansiedade”

Sharon Van Etten: “Somos sobreviventes e adaptamo-nos. Estou a voltar ao trabalho, mas sinto um aperto no peito que não é apenas ansiedade”

Adiou o casamento por causa da covid-19, entrou na pandemia com um filho pequeno. A dias de regressar a Portugal para um concerto esgotado na Aula Magna, em Lisboa, Sharon Van Etten abre o coração numa longa conversa sobre o novo álbum, a vida em família, a amizade com Angel Olsen ou os planos de voltar à faculdade. “Este é um disco sobre a montanha-russa de emoções que todos sentimos em conjunto”

Sharon Van Etten: “Somos sobreviventes e adaptamo-nos. Estou a voltar ao trabalho, mas sinto um aperto no peito que não é apenas ansiedade”

Lia Pereira

Jornalista

Uma das cantoras-compositoras mais acarinhadas da sua geração, Sharon Van Etten regressa a Portugal para um concerto esgotado, na Aula Magna, em Lisboa, a 31 de maio. Numa chamada Zoom de Los Angeles, para onde se mudou com a família pouco antes da pandemia, a artista norte-americana falou com generosidade sobre o seu novo disco, "We've Been Going About This All Wrong", mas também sobre a amizade e a colaboração com Angel Olsen, a dificuldade de atravessar uma pandemia com um filho pequeno e sobre os seus estudos de Psicologia.

Qual a sensação de andar novamente em digressão, depois dos últimos dois anos de "recolher obrigatório"?
Não vou mentir, é um pouco stressante. Não quero fingir que estou extremamente entusiasmada por ter de viajar, mas estou muito entusiasmada por tocar com a minha banda e partilhar a minha música nova com pessoas que gostam de nós. (risos) E por me voltar a sentir ligada aos outros, depois de termos estado a viver nas nossas pequenas bolhas. Isto faz-me sentir emocionada, por várias razões.

Na terça-feira toca em Portugal, num concerto que já está esgotado. Está entusiasmada?
Estou tão entusiasmada! Gosto tanto de Portugal, acho que o público tem uma energia tão boa! A região é tão bonita e já se passou tanto tempo... não acredito que já se passaram três anos desde o último concerto [foi no NOS Alive, em 2019].

Não quis lançar singles deste novo álbum, para que as pessoas pudessem escutá-lo na íntegra, com atenção. Os fãs têm partilhado as suas opiniões sobre as canções?
Embora tenha tido um pouco de medo de frustrar os meus fãs, obrigando-os a esperar pelo disco, acho que a maioria até gostou da ideia. E assim fizeram questão de ouvir o disco como um álbum, em vez de irem recebendo os singles e ficarem à espera do álbum, onde iriam ouvir sobretudo os singles. E assim toda a gente tem uma canção favorita diferente, o que eu aprecio. Não gostam todos só do single. Penso que, conforme o momento que estás a atravessar, podes identificar-te com canções diferentes, em dias diferentes.

Este álbum parece vir de um sítio muito profundo, emocionalmente. Profundidade essa que teve de acompanhar com a entrega da sua voz... foi assim?
Sem dúvida. Quando escrevo canções, não é para as pessoas as ouvirem, é para eu poder superar alguma coisa. Na maior parte dos casos, nem partilho as canções que escrevo. Só servem para poder ultrapassar um certo momento, por isso há sempre um espectro muito grande de emoções envolvidas nisto. Sem saber que acabaria por partilhar estas canções com o mundo, tentei escrevê-las com muita honestidade, de um sítio muito primitivo, sem qualquer filtro. (risos) E deixei-me ir, sem me preocupar se as canções eram muito intensas. Porque, afinal, este foi um período muito intenso para mim, e para toda a gente.

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