Rosalía está maior do que nunca. Isto não é um disco, é um furacão

Por obra e acaso do destino, Rosalía rompeu a sua crisálida num momento em que o mundo, particularmente o anglo-saxónico, se mostra mais predisposto do que nunca a abraçar artistas que se expressem em línguas que não a inglesa. Essa constatação não só não desmerece o seu mérito enquanto cantora e contadora de histórias com uma visão muito livre da sua arte como ajuda a reforçar a ideia de que uma voz de grande calibre será sempre uma voz de grande calibre, independentemente de cantar em espanhol, francês, português ou mandarim. E o aparelho vocal de Rosalía é, viaje a sua música para onde viajar, um portentoso instrumento. “Tal como um guitarrista toca guitarra todos os dias, eu treino a minha voz todos os dias. E aquilo que mais aprendo com o tempo é a deixar-me ir”, confessou a cantora em entrevista ao Expresso. “A tua voz, o teu corpo, o teu coração e a tua energia sabem precisamente onde têm de ir, portanto quanto menos intervieres, melhor a tua voz soa.” “Motomami”, este intenso e buliçoso terceiro álbum, parece nortear-se pela mesma filosofia, mostrando-nos uma Rosalía a deixar-se seguir ao sabor da vontade.

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