Miguel Araújo refletiu, em entrevista à BLITZ, num momento em que se preparar para editar um novo álbum, intitulado “Chá Lá Lá”, sobre a sua saída da editora multinacional Warner Music e a criação da Chiu, a sua própria editora, revelando que recebe mais dinheiro das plataformas de streaming desde que se tornou independente. “Continua a ser uma miséria o que o Spotify, o YouTube e essa coisas todas pagam, mas de repente já são, sei lá, 200 e tal euros”, revela o músico, “já dá para comprar uns cabos para o estúdio ou produtos de limpeza para, no fim, deixar aquilo mais limpinho”.
“Acho que o dinheiro do streaming nem vinha nos relatórios. Não sei, não quero estar a dizer nenhuma barbaridade, mas eram uns cêntimos”, diz ainda Araújo, explicando que o que o motivou a abandonar a Warner não foram, contudo, apenas questões financeiras. “É principalmente pela questão da liberdade. Punha no Instagram coisas minhas, a anunciar concertos, e aquilo era banido. Tinha de reportar à Warner [portuguesa], a Warner tinha de reportar à Warner espanhola, que depois tinha de reportar à Warner inglesa”.
Defendendo que esse tipo de situações eram, para si, “uma desgraça total”, o músico acrescenta ainda que o facto de agora ser dono das canções que faz o permite impedir que sejam usadas para fins com os quais não concorda. “Nunca aconteceu, mas se a Coca-Cola comprasse aquilo podia meter a minha música num anúncio. Duvido que quisessem, estou a reduzir ao absurdo um exemplo possível, mas eu nem sequer ia poder dizer que não. A grande questão de quem é autor é garantir os direitos para o seu lado. É a grande questão dos dias que correm”.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt