Acaba de se assinalar mais um dia da Europa. Ultrapassada a pandemia, com uma guerra instalada no seu coração, é altura de o Velho Continente enfrentar o risco da Sublime Porta no seu flanco oriental
Um verdadeira Guerra dos Tronos, foi no que se converteu o atual governo com os diversos candidatos ao Trono de Ferro (o futuro do partido socialista pós-António Costa) a digladiarem-se entre si, envolvendo intrigas, mentiras, traições e assassinatos de caráter
No princípio era o trabalho. Depois veio o capital. Agora a tecnologia. Primeiro a máquina, o computador e o robô, agora o teletrabalho e a inteligência artificial. Os primeiros, a “libertarem” os trabalhadores menos qualificados e os últimos a “libertarem” os trabalhadores mais qualificados. Para uns, estamos finalmente perante o papel libertador da ciência e da técnica. Para muitos outros, presenciamos a ruína de todo um mundo de experiências humanas
Ser socialista, hoje, ainda que numa qualquer versão pretensamente não radical, é, cada vez mais, sinónimo de inimigo da liberdade de escolha e de claro reacionarismo face às mudanças de que o país precisa para aumentar a sua prosperidade e, consequentemente, o bem-estar dos portugueses
Com o anúncio propagandístico, “Mais Habitação”, o governo do nosso país atingiu o grau zero da política. É impossível e impensável descer mais, sem que, como dizia, recentemente, um ex-Presidente da República, o país fique perigoso
A Rússia invade, ataca, com a ferocidade de um tigre, toda a gente na Europa fala dela, teme a sua ação imediata. Mas a China não é menos perigosa, menos fatal. A China sabe usar o abraço lento da serpente, o tempo longo da sua história, para atacar as suas vítimas sem que estas sintam a aproximação do fim. O seu objetivo, a prazo, será o domínio do mundo, pois, nas velhas palavras de Confúcio, tal como não há dois sóis no céu, não pode haver dois imperadores na Terra
Estamos submersos num dilúvio de informação, de ruído digital, de dados que se multiplicam exponencialmente, através da falsa autonomia do indivíduo e das suas histórias pessoais. Estamos submetidos a uma fragmentação exponencial, a uma balcanização do debate público
Para evitar o pré-anunciado ocaso, a Europa tem de escolher de qual dos lados do novo mundo dividido se quer encontrar: do lado da ordem liberal ou do lado da ordem autoritária. O risco da não escolha será passar da dependência energética da Rússia para a dependência do capital e do comércio chinês, escreve o presidemnte do Movimento Europeu em Portugal, José Conde Rodrigues
A defesa da Europa e do seu modo de vida só se consolidará se soubermos resistir a uma qualquer precipitada militarização da União Europeia e reforçarmos, ao invés, os nossos laços euroatlânticos, através da NATO, enquanto Aliança de Estados-nação, mais robusta e recentrada no seu sentido original: a proteção do Ocidente