Com Rui Rio e António Costa um acordo que viabilize a governação do país é possível. São dois dinossauros que têm a experiência de ter regressado à vida depois de considerados extintos e esses renascimentos tornaram-nos da mesma espécie. Isto pode representar um terramoto político maior que o de 2015. Se existe uma possibilidade de entendimento - em que este PSD assegura que perdendo as eleições viabiliza a governação de António Costa e em que Costa aceita esse “apoio” – então, prestem atenção: mudou tudo
Existe a possibilidade de nos termos tramado bem. Perdeu-se a oportunidade de aprovar um OE melhorado pela satisfação de algumas exigências do Bloco e do PCP - este é o grande prejuízo - e vamos para eleições com a esquerda a lutar entre si, nada de novo, mas numa altura em que o país acusa um desejo de viragem à direita
Vejo alguns a falar na possibilidade de se fazer uma oposição conjunta e concertada que inviabilize, ou que pelo menos dificulte, o exercício do cargo por Carlos Moedas e que precipite novas eleições. Diria que é má ideia ou que é uma ideia pouco democrática
Não se consegue, e ainda bem, resumir a humanidade à partilha dos nossos valores, mesmo que se trate de direitos humanos. Existe quem não queira viver nesse crivo e quem não se reveja nele. Qual a nossa legitimidade para impor os nossos valores ou mesmo uma democracia? A resposta não é simples
A história escreve-se mesmo quando não nos apercebemos que isso está a ser feito. Não é o caso aqui. Sabemos todos que a forma como o Estado Português trata a morte de Otelo fará parte da história e influenciará o seu decurso
Não acredito na bondade da vontade popular, não tenho fé que chegue para isso. Não acredito no culto da preservação do que está estabelecido. Mas só uma composição das duas posições mediada pelo pensamento crítico das pessoas poderá manter os sistemas democráticos. Discutir a democracia faz-lhe bem. As soluções devem evoluir, o trabalho nunca está feito. Há fortes possibilidades de não ter de ser uma grande empreitada: a democracia está a perder utilidade e o planeta a validade. O cinismo também é uma estação
Viver em exceção é a experiência de uma vida. Aconteceu-nos. Mas em que parte se chegará à conclusão que já não é exceção nenhuma mas sim uma nova vida? E, se se trata de uma nova vida, quando é que as regras passarão a refletir as necessidades das pessoas em vez de refletirem um pedido de sacrifícios só concebível se temporário?
As vítimas de assédio ou de violência sexual são sobretudo mulheres, é um facto. Mas nem todas as mulheres estão no mesmo patamar de vulnerabilidade ou fragilidade e, aqui, não me refiro a características de personalidade mas sim a condições sócio-económicas ou de classe. Eis a grande diferença. Qualquer luta que a esqueça vai falhar em algum momento e, quando digo falhar, refiro-me a não resolver as causas do problema e de assim permitir a sua continuidade
As vítimas de assédio ou de violência sexual são sobretudo mulheres, é um facto. Mas nem todas as mulheres estão no mesmo patamar de vulnerabilidade ou fragilidade e, aqui, não me refiro a características de personalidade mas sim a condições sócioeconómicas ou de classe. Eis a grande diferença. Qualquer luta que a esqueça vai falhar em algum momento e, quando digo falhar, refiro-me a não resolver as causas do problema e de assim permitir a sua continuidade