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FinCEN Files. Um bê-á-bá sobre esta fuga de informação

FinCEN Files. Um bê-á-bá sobre esta fuga de informação
ICIJ e BuzzFeed News

Perguntas e respostas básicas. E alguns números. O essencial que precisa de saber sobre o novo projecto de investigação do ICIJ, do qual o Expresso é parceiro

Que fuga de informação é esta?
Esta investigação coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), uma organização sem fins lucrativos sediada em Washington, tem como base uma fuga de informação de mais de 2100 relatórios confidenciais produzidos por vários bancos nos Estados Unidos e que foram enviados originalmente para uma agência federal, a FinCEN, que serviu aliás de nome para o projecto. Detalhes sobre o formato destes relatórios, conhecidos como SAR )Suspicious Activity Reports), podem ser encontrados aqui.

Qual é a fonte por detrás da fuga de informação?
Foi o BuzzFeed News que conseguiu obter o conjunto de relatórios e que decidiu partilhá-los com o ICIJ e com os restantes parceiros de media do projecto. De acordo com o BuzzFeed, que optou por não comentar sobre quem são as suas fontes, parte dos documentos foi recolhida no âmbito do inquérito promovido pelo congresso dos Estados Unidos sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais americanas de 2016. Entretanto, em janeiro de 2020 houve uma funcionária da FinCEN, Natalie Edwards, que se deu como culpada num processo relacionado a divulgação não autorizada de SARs. Esse processo não está ainda fechado. O Ministério Público referiu que o material divulgado por Natalie Edwards apareceu referido num total de 12 artigos, sem mencionar em que meio de comunicação foram publicados. Além de Natalie Edwards, tem havido referências na imprensa a mais uma dezena de whistleblowers ligados à FinCEN.

Quem é que participa no projecto?
Os parceiros de media que se associaram ao ICIJ são muitos e estão espalhados um pouco por todo mundo. Alguns exemplos: Le Monde (França), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), Aftenposten (Noruega), L’Espresso (Itália), El Confidencial (Espanha) La Nación (Argentina), Revista Piauí (Brasil);, Armando.info (Venezuela), BBC (Reino Unido), CBC (Canadá) ou ABC (Austrália). Em Portugal, é o Expresso, parceiro do ICIJ, que publica algumas das histórias que resultaram desta investigação.

Alguns números essenciais

110 — Órgãos de comunicação social e projectos de media, incluindo o próprio ICIJ, que participam na investigação e publicação dos FinCEN Files.

88 — Países de onde são os mais de 400 jornalistas que participaram no projecto.

16 — Meses de duração da investigação coordenada pelo ICIJ.

2.121 — Relatórios de actividade suspeitas (SARs) produzidos por bancos e enviados à agência federal norte-americana FinCEN que constituem esta fuga de informação.

2.099.584.477.415,49 —Montante total exacto, em dólares, das transacções suspeitas comunicadas pelos bancos nos relatórios desta fuga de informação. São mais de dois biliões de dólares.

2.657 — Total de ficheiros partilhados pelo BuzzFeed News com o ICIJ, que incluem não SARs mas outro tipo de documentos, como folhas de cálculo com listagens de transações financeiras. Parte dessas spreadsheets não vêm acompanhadas por SARs, o que significa que as transações listadas não possuem qualquer indicação do contexto e dos motivos para haver suspeitas em relação a elas.

17.641 — Documentos adicionais obtidos durante a investigação, através de pedidos de informação a entidades oficiais ou por outras fontes.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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