Russos rejeitam resolução da ONU

Geórgia "nunca" se renderá

12 agosto 2008 3:10

A garantia foi dada pelo presidente georgiano Mikheïl Saakachvili em entrevista à cadeia de televisão norte-americana CNN, numa altura em que os russos ameaçam a capital Tbilissi.

12 agosto 2008 3:10

O presidente georgiano Mikheïl Saakachvili garantiu segunda-feira que a Geórgia "nunca" se renderá, numa altura em que os russos ameaçam a capital Tbilissi, numa entrevista telefónica à cadeia de televisão norte-americana CNN.

Questionado sobre a mensagem que gostaria de transmitir à Rússia, Saakachvili respondeu: "Creio que devem saber que a Geórgia nunca se vai render. A Geórgia nunca se vai render".

Mikheïl Saakachvili, que mais cedo - num discurso à nação - assumiu que "a maioria do território georgiano estava ocupado", acusou a Rússia de ter premeditado o ataque contra o seu país.

"Por muito sobre-humanas que sejam as vossas forças militares, se não tiver sido preparado um ataque durante meses e meses, por amor de Deus, como se pode mobilizar 1.000 blindados em algumas horas para os enviar para outro? Isto não é um ataque premeditado a outro país?", questionou.

As forças russas "ameaçam a capital" georgiana, Tbilissi, acusou ainda Saakachvili, jurando que o "povo georgiano nunca vai abdicar da sua liberdade e da sua democracia, porque a democracia é mais forte do que os blindados, do que os bombardeamentos", indicou.

"Vamos até ao fim, porque há perdemos a nossa liberdade por causa da Rússia", acrescentou.

A Rússia enviou milhares de soldados, blindados e forças de apoio aéreo sexta-feira na república separatista georgiana da Ossétia do Sul, em resposta a uma ofensiva georgiana para retomar o controlo da região, independente de facto desde a queda do império soviético no inicio dos anos 1990.

A Rússia não vai votar no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que apela a um cessar-fogo no conflito russo-georgiano, com base no plano de paz francês, afirmou ontem o embaixador russo na ONU, Vitaly Tchourkine.

"Esperamos participar na criação de um novo projecto de resolução. Este infelizmente foi preparado sem nós", explicou Tchourkine à imprensa, após uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança, consagrado à avaliação de um documento preparado durante o dia pelos representantes norte-americano e europeus no Conselho.

O documento, elaborado com base num plano francês, divide-se em três pontos: cessar-fogo imediato, respeito pela integridade territorial da Geórgia e regresso ao "status quo" vigente antes da intervenção georgiana na Ossétia do Sul na última quinta-feira.

"Este texto foi apresentado de forma prematura e faltam certos elementos: nomeadamente não faz referência à agressão georgiana", prosseguiu Tchourkine.

"Temos exigências: retirada dos georgianos da Ossétia do Sul e o compromisso de não recurso à força por parte de Tbilissi na Ossétia do Sul ou na Abkázia", prosseguiu o diplomata russo.

"Espero que consigamos criar uma resolução aceitável", concluiu a mesma fonte.