10 agosto 2008 20:20
Uma base militar e o aeroporto internacional em Tbilissi são os alvos. A ofensiva surge após o governo georgiano ter anunciado a retirada de todas as tropas em combate na Ossétia do Sul.
10 agosto 2008 20:20
A aviação russa bombardeou hoje um aeroporto militar próximo de Tbilissi, confirmou o secretário-geral adjunto da ONU para os assuntos políticos, B. Lynn Pascoe.
"A aviação russa retomou esta manhã os ataques a alvos estratégicos e militares situados no exterior da zona de conflito" - a república separatista da Ossétia do Sul - e "bombardeou, nomeadamente, um aeroporto militar e uma base de reparação de tanques perto da capital georgiana, Tbilissi, o porto estratégico de Poti e outros alvos próximos de Gori", precisou o diplomata.
Segundo o ministério do Interior georgiano, um avião russo largou hoje também uma bomba a 200 metros de uma pista do aeroporto internacional de Tbilissi.
"O aeroporto não ficou danificado", assegurou o porta-voz do ministério, Chota Utiachvili, acrescentando que não há vítimas.
Entretanto, a Geórgia concentrou mais de 4.000 homens ao longo da fronteira com a república separatista da Abkházia, junto ao rio Inguri, indicou hoje um representante do presidente abkhaze, Serguei Bagapch, à agência Interfax.
"Segundo as nossas informações, a parte georgiana transferiu para a fronteira com a Abkházia mais de 4.000 militares, bem como veículos blindados pesados e de artilharia", declarou Ruslan Kichmaria, representante do presidente abkhaze no distrito de Gali, fronteiriço com a Geórgia.
A Abkházia abriu sábado uma segunda frente à Geórgia, que se confronta com a Rússia no seu outro território independentista, a Ossétia do Sul.
A Abkházia, que decretou uma mobilização parcial dos seus reservistas, prosseguiu hoje os seus bombardeamentos aéreos e disparos de artilharia no desfiladeiro de Kodori, situado no território abkhaze mas controlado pelos georgianos, segundo a presidência abkhaze.
Unidades do exército abkhaze foram também estacionadas junto ao rio Inguri, na fronteira com a Geórgia, no distrito de Gali, maioritariamente povoado por georgianos e onde normalmente só a força de interposição russa tem o direito de estar estacionada, de acordo com a presidência abkhaze.
Um "estado de guerra" foi, por outro lado, decretado numa parte do território abkhaze, nomeadamente em Gali, durante 10 dias, a começar hoje a partir das 20h00 TMG (21h00 em Lisboa).
Comunidade internacional intensifica apelos
Na frente diplomática, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, conseguiu pôr em contacto directo os seus homólogos russo, Serguei Lavrov, e georgiano, Eka Tkeshelashvili, segundo o seu ministério.
Houve um contacto directo entre os chefes da diplomacia georgiano e russo, que representa "o fim do silêncio político", declarou um porta-voz.
O ministério alemão espera agora que as duas partes queiram explorar a via do diálogo para solucionar a crise.
Steinmeier, que preside a um grupo de países amigos da Geórgia no âmbito da ONU, tinha falado antes por telefone com os homólogos russo e georgiano, com o objectivo de conseguir a retomada de um diálogo político directo entre Moscovo e Tbilissi, indicou o seu ministério.
"Posso agora dizer que isso foi conseguido", disse hoje o secretário de Estado para os Negócios Estrangeiros, Gernot Erler, à televisão pública ARD.
A chanceler alemã, Angela Merkel, apelou hoje para um "cessar-fogo imediato e incondicional" no Cáucaso e para o regresso de todas as forças armadas "às posições ocupadas antes da eclosão do conflito", insistindo na necessidade de "preservar a integridade territorial da Geórgia", segundo o seu porta-voz.
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, que se reuniu igualmente este fim-de-semana com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e com o chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, tinha apresentado em Julho um plano de paz para a Abkházia, que foi rejeitado tanto pela parte abkhaze como pela georgiana, depois de efectuar o mês passado uma missão na região.
A Abkházia e a Ossétia do Sul, onde os georgianos lançaram uma ofensiva na madrugada de sexta-feira, proclamaram unilateralmente a independência em relação a Tbilissi, após a queda da União Soviética, no início da década de 1990.