Independência do Kosovo

Europa pode ficar numa "manta de retalhos"

16 fevereiro 2008 12:51

O diário Krasnaia Zvezda (Estrela Vermelha), órgão oficial do Ministério da Defesa da Rússia, considera que a independência poderá ser seguida noutras partes do mundo por grupos armados extremistas, nomeadamente pela Alemanha.

16 fevereiro 2008 12:51

O diário Krasnaia Zvezda (Estrela Vermelha), órgão oficial do Ministério da Defesa da Rússia, considera hoje que a proclamação da independência do Kosovo poderá ser seguida em muitas zonas do mundo e transformar a Europa numa "manta de retalhos". 

 

Num artigo dedicado à questão do Kosovo, com o título "Manta de retalhos da Europa", o jornalista Vladimir Kuzar desenha o que poderá acontecer em Berlim em 2020, se se repetir a situação no Kosovo. 

 

"Grupos armados extremistas muçulmanos que aterrorizam os alemães de Berlim... trazem para as ruas da capital alemã correligionários seus para exigir mais liberdade e a possibilidade de viver segundo as próprias leis", antecipa o jornal. 

 

Segundo o cenário futurista traçado pelo jornalista, como a polícia já não consegue travar a onda de violência pede ajuda às forças armadas alemãs e confrontos com os manifestantes levam ao derrame de sangue, o que provoca indignação entre a comunidade internacional e principalmente nos países muçulmanos, que pedem a convocação do Conselho de Segurança da ONU, mas as suas decisões não são cumpridas. 

 

"Então, decide-se enviar para Berlim tropas internacionais de paz para a manutenção da paz, formadas pela Liga dos Estados Árabes. Sob a sua protecção, os islamitas expulsam da cidade a população alemã, criam os seus órgãos do poder, declaram o seu apego à democracia e aos seus valores e, por fim, declaram a independência de Berlim, que é reconhecida por uma série de Estados", prossegue. 

 

Segundo o jornalista, esse cenário poderá ser considerado "louco" e estúpido" pelos leitores, mas "apenas terão parcialmente razão, porque foi precisamente segundo esse cenário não fantástico, mas real, que se desenvolveu a situação no Kosovo". 

 

O Krasnaia Zvezda considera que isso irá destruir a organização mundial existente e poderá transformar a Europa numa "manta de retalhos".  

 

"Não se trata apenas dos Estados não reconhecidos no espaço pós soviético... mas quase todos os países da Europa podem dividir-se, desintegrar-se em várias partes", escreve o jornal militar, citando como exemplos a Espanha, Grã-Bretanha, Bélgica, França, Itália, Roménia, Dinamarca, Polónia, Suíça, Finlândia. 

 

"Claro que nem todos os focos de separatismo existente na Europa são perigosos... mas muito deles, depois da proclamação da independência do Kosovo, ganharão tanta força que farão literalmente explodir o velho continente", considera o diário. 

 

O jornal russo atribuiu as culpas desta situação à política norte-americana e ao "politicamente correcto" da União Europeia. 

 

"Para os Estados Unidos é mais importante conservar a sua presença militar nos Balcãs e provocar uma 'leve instabilidade' nas fileiras da União Europeia, enfraquecendo assim essa organização. A Europa volta a cair na armadilha criada pela sua anterior política de estímulo da desintegração da URSS e Jugoslávia. E tem dificuldade em sair dela devido ao maldito 'politicamente correcto'", considera o Krasnaia Zvesda.  

 

O diário militar russo cita as palavras de Vitali Tchurkin, representante da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, que declarou: "cerca de 200 formações poderão utilizar esse exemplo em todo o mundo".