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Combater alterações climáticas e baixa densidade territorial está nas mãos de todos

Combater alterações climáticas e baixa densidade territorial está nas mãos de todos
TIAGO MIRANDA

O auditório Dr. Francisco Tomatas, no Campus de Portalegre, encheu-se esta tarde para ouvir falar sobre inovação e sustentabilidade. A importância das ações individuais e o papel da educação estiveram no centro do debate.

Marina Almeida

Foi quando o presidente do Instituto Poltécnico de Portalegre (IPP) lançou a pergunta, a meio do debate, interpelando os jovens que enchiam a plateia – “quantos nesta sala têm telemóvel?” -, que muitos dos olhos se libertaram do ecrã, para sorrir, olhar para aquele provocador, e levantar o braço. Todos os braços se levantaram. A seguir, Luís Loures perguntou quantos faziam reciclagem, e aí só metade dos braços se ergueram. E quando a pergunta foi quantos têm na família carros híbridos ou elétricos, só 5% dos braços sinalizaram.

Um momento animado na conferência que o Expresso promoveu esta tarde no auditório Dr. Francisco Tomatas, no Campus do Politécnico de Portalegre: Inovação e sustentabilidade – Territórios com futuro. Num painel conduzido por Pedro Sousa Carvalho, do projeto Expresso SER – Sustentabilidade, Ecologia e Responsabilidade Social, avaliou-se o que pode irradiar deste território do Alto Alentejo nestas áreas. Luís Louro sublinhou, várias vezes, que a tarefa está nas mãos de cada todos.

“O problema que temos para o combate às alterações climáticas é o mesmo problema que temos nos territórios de baixa densidade: pensar que é com os outros. Há muitos fatores que dependem de nós, e nós é que temos de fazer a diferença”, referiu.

Sublinhando as parcerias estabelecidas com a Delta Cafés e com a Softinsa, com representantes no painel, Luís Loures destacou a importância de “fazer projetos de investigação que não fiquem na gaveta”.

Casa cheia no Politécnico de Portalegre
TIAGO MIRANDA

Henrique Mourisca, diretor-geral da tecnológica Softinsa, subsidiária da IBM, com centros de inovação em Viseu, Castelo Branco, Fundão, Vila Real e Portalegre, referiu a falta de mão de obra especializada nestas áreas, piscando o olho aos estudantes na sala. E falou de um exemplo concreto de boas práticas: a instalação de iluminação pública inteligente em todo o município de Portalegre, que permite gerir cada luminária com um clique. Facilmente se identifica uma avaria ou se gere a intensidade da iluminação. Uma boa notícia para o ambiente e para as contas da autarquias, referiu.

Já Miguel Ribeirinho, diretor de Corporate Affairs da Delta, trouxe o exemplo do aproveitamento de borras de café para o cultivo de cogumelos, depois vendidos à restauração. O projeto chama-se Urban Mushroom Farm e nasceu de um trabalho de pós-graduação em âmbito escolar.

O responsável da Delta também sinalizou a falta de mão de obra, apontando como soluções a abertura de portas à imigração, e a importância de uma formação exigente: “esta característica que o IPP tem de visão integral é algo que é irrepetível, vão sentir que é uma segurança muito importante para o vosso empreendedorismo como pessoas”, disse aos jovens.

Ricardo Campos, Luís Loures, Carlos Nogueiro, Henrique Mourisca, Miguel Ribeirinho e Pedro Sousa Carvalho
TIAGO MIRANDA

Falando de sustentabilidade e da atratividade dos territórios, Carlos Nogueiro, secretário executivo da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), que representa 15 autarquias, pôs a tónica na importância da reconversão da ferrovia, com a eletrificação da linha do Leste, a aproximação da estação de Portalegre à zona industrial, para servir de forma eficaz o transporte de passageiros, mas também de mercadorias, bem como a ligação ao ramal de Cáceres. Não deixou de falar na falta de ligação rodoviária, na capital de distrito que não é servida por auto-estrada.

Também presente no debate, Ricardo Campos, Presidente do Fórum Energia e Clima, instituição sedeada no Campus de Portalegre, falou do projeto Os Guardiões, a partir do qual se trabalha “todos os dias” em ideias para combater as alterações climáticas, bem como da ligação às escolas de vários níveis de ensino, fazendo eco de boas práticas.

Coube ao diretor do Expresso, João Vieira Pereira, dar as boas vindas à jovem audiência, saudando os atuais e futuros leitores, lembrando que desde a manhã desta quinta-feira está o Banco Expresso com wi-fi junto à Biblioteca Municipal, inaugurado no âmbito das comemorações dos 50 anos do jornal. E ao presidente o IPP cativá-los a permanecer na região, que é o distrito do país onde vivem menos pessoas: “Somos capazes a partir de Portalegre, através do IPP, fazer tão bem como os melhores”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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