Sustentabilidade e embalagem

Novas regras europeias para as embalagens pedem inovação

Novas regras europeias para as embalagens pedem inovação
Getty Images

As novas medidas propostas pela União Europeia para fazer face ao desperdício de embalagens para promover a economia circular e caminhar rumo à neutralidade carbónica vão estar em debate na próxima quinta-feira, 9 de março, no evento “Nova regulamentação de embalagens e novos desafios para o sector”, integrado num projeto da Novo Verde que conta com o apoio do Expresso

João Queiroz

Cada europeu gera, em média, por ano, 177 kg de resíduos de embalagens. Os revestimentos que protegem os produtos que consumimos diariamente são um dos principais clientes de matérias virgens - 40% dos plásticos e 50% do papel utilizados na União Europeia destinam-se a embalagens. Se nada for feito, a UE estima que se assistirá a um aumento de 19% nos resíduos de embalagens até 2030 e de até 46% no caso das plásticas. Para evitar este cenário negro, a Comissão propõe um conjunto de medidas verdes para travar o desperdício, e que passam a integrar o Plano de Ação para a Economia Circular, em que se pretende tornar todas as embalagens reutilizáveis ou recicláveis até 2030.

A proposta para um novo regulamento sobre embalagens, ainda em fase de discussão, visa prevenir a geração de resíduos de embalagens, promover a reciclagem em ‘circuito fechado’ e aumentar a utilização de plásticos reciclados. Estabelece, por exemplo, objetivos para a redução de embalagens descartadas, metas mínimas de conteúdo reciclado em embalagens plásticas ou de reutilização de embalagens, que são “ambiciosas e com um calendário de aplicação muito curto, o que nos causa alguma preocupação”, observa Ana Cristina Carrola, vogal do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente e uma das oradoras do evento “Nova regulamentação de embalagens e novos desafios para o sector”, promovido pela Novo Verde com o apoio do Expresso, e agendado para quinta-feira, 9 de março, nas instalações do grupo Impresa.

Para a responsável, o documento “foca pontos essenciais como a prevenção – ou seja, temos de reduzir a quantidade de embalagens colocadas no mercado –, ou como a melhor gestão do ciclo de vida em termos do robustecimento da responsabilidade alargada do produtor, isto é, aquilo que o embalador tem de pagar para gerir o seu produto em fim de vida”. E também coloca "obrigações de reincorporação de reciclado nas embalagens", promovendo o mercado das matérias-primas secundárias.

“O desenho deve evitar a sobreembalagem e o uso único – as embalagens de uso único têm de ser reduzidas ao máximo, pois causam grande impacto no tratamento dos resíduos. Estas duas áreas têm de ser foco do tratamento para atingirmos as metas da prevenção”, defende Ana Cristina Carrola, vogal do Conselho Diretivo da APA

Para isso, sublinha Pedro Simões, diretor geral da Novo Verde, “são necessários produtos que possam ser reciclados e que existam resíduos de qualidade. E se tal não for possível, é preciso tecnologias que permitam tratar os resíduos que não tenham grande qualidade para poderem ser aproveitados pela indústria”.

Outro dos aspetos que deve merecer a atenção do sector, aponta, “são os critérios ambientais que as embalagens vão ter de cumprir na sua conceção, e que podem passar por desenhar embalagens mais fáceis de reciclar, com menor peso e menos produtos nocivos para o ambiente”. E que também sejam reutilizáveis, porque reduzir a produção de resíduos de embalagens e restringir a embalagem de uso único impõe “que ela faça mais do que uma volta e tenha o seu ciclo de vida prolongado”.

É nesse sentido que surge o Novo Verde Packaging Enterprise Award. A iniciativa que dá o mote a este encontro e que procura premiar e destacar projetos de investigação e desenvolvimento (I&D) que apresentem uma solução inovadora que possibilite melhorias significativas em qualquer parte do ciclo de vida das embalagens, com impacto positivo na gestão de resíduos. Com uma dotação de €25 mil, o prémio destina-se se à indústria, comércio, serviços, academia e a outras áreas tecnológicas.

37%

é a redução de resíduos na União Europeia estimada para 2040, como resultado desta proposta legislativa da Comissão, em comparação com um cenário de ausência

A nova regulamentação vai pôr fim à atual diretiva que orienta o setor das embalagens e resíduos de embalagens, o que significa que será de aplicação obrigatória por parte dos Estados-membros. “A Comissão Europeia chegou à conclusão de que o que existe hoje não é incentivador nem foi eficaz e para que possamos acelerar este caminho rumo à neutralidade carbónica, quer tornar isto lei. E foi bastante agressiva no desenho da proposta”, defende Tiago Moreira da Silva, coordenador da plataforma Vidro+, que irá debater com os representantes das outras fileiras de materiais, os desafios, as dificuldades e as preocupações que o documento coloca às diferentes indústrias. Tudo para saber na quinta-feira.

“Nova regulamentação de embalagens e novos desafios para o sector”

O que é?

No âmbito da nova edição do Novo Verde Packaging Enterprise Award, a Novo Verde e o Expresso organizam um evento que reúne representantes de autoridades nacionais e especialistas do sector para analisar, partilhar e debater a proposta da Comissão Europeia para um novo regulamento sobre embalagens, assim como identificar e avaliar os desafios que ela coloca às indústrias dos materiais de embalagem.

Quando, onde, e a que horas?

Acontece na quinta-feira, dia 9 de março, no edifício do grupo Impresa, a partir das 15h30.

Quem são os oradores?

  • Ricardo Neto, presidente do Conselho de Administração da Novo Verde
  • Pedro Simões, diretor geral da Novo Verde
  • Ana Cristina Carrola, vogal do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)
  • Thomas Fisher, head of Market Intelligence and Governmental Affairs do Grupo Landbell AG
  • Paulo Serra, diretor da região oeste da SAICA
  • Tiago Moreira da Silva, coordenador da plataforma Vidro+
  • Nuno Aguiar, diretor técnico da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP)
  • Paulo Sousa, CEO da COLEP

Porque é que este tema é central?

A Comissão Europeia propôs, no final de novembro, uma série de novas medidas para combater o desperdício de embalagens, de forma a tornar a embalagem sustentável uma regra no espaço europeu e, assim, promover a economia circular. A proposta de regulamento, que estabelece um conjunto de metas ambiciosas, vem colocar vários desafios a cada uma das fileiras de materiais e tornar imperativo o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis para as embalagens.

Onde posso assistir?

Basta clicar neste link.

As candidaturas ao Novo Verde Packaging Enterprise Award, que conta com o apoio do Expresso e da Ernst & Young, devem ser submetidas através do site oficial até 31 de março de 2023 AQUI

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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