
Os hackers e outros cibercriminosos estão a tomar de assalto os portugueses. Há informações privadas em risco e pedido de resgates de contas nas redes sociais também. Há mesmo ataques planeados ao pormenor para chantagear alvos específicas
Os hackers e outros cibercriminosos estão a tomar de assalto os portugueses. Há informações privadas em risco e pedido de resgates de contas nas redes sociais também. Há mesmo ataques planeados ao pormenor para chantagear alvos específicas
Coordenador digital
A conversa tinha surgido de forma espontânea e era incrível como pareciam compatíveis em tudo. Pontos de vista, gostos, interesses. Almas gémeas. Um simples convite através de uma rede social “de um âmbito mais profissional” tinha sido o ponto de partida para o início de uma nova conexão. Podia ser o início de uma relação empresarial, de amizade ou, quem sabe, de algo mais. Viria a ser mais do que tudo isso. A empatia foi tão grande que a simples troca de mensagens evoluiu para o envio de imagens e a confiança cresceu tão rápido que em menos de nada estavam a ser cedidas fotografias íntimas. Foi aí que tudo mudou. Momentos depois já estava a ser pedido dinheiro em troca do silêncio e da não divulgação dos ficheiros. “Carlos”, nome fictício, não se tinha apercebido de que estavam criadas as condições para ser vítima de sextorsion. Não é caso único. Os crimes de devassa da vida privada e extorsão, associados ao uso das redes sociais na internet — onde os “utilizadores aceitam partilhar comunicações vídeo com exposição íntima e do foro sexual”, explica a Polícia Judiciária em página própria — têm vindo a crescer. E é a problemas como estes que a Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) está cada vez mais atenta.
David Russo, chief technology officer da empresa de segurança e formação CyberSec, confirma que este é um problema em crescimento e explica como é fácil cair nas malhas deste tipo de chantagem criminosa. Foi um dos que ajudaram a descortinar o caso de “Carlos”, a perceber o que tinha acontecido para se chegar àquele ponto da conversa. “Numa questão de horas houve uma abordagem, que se percebeu pelas perguntas feitas ser completamente premeditada. Apresentava um perfil quase 100% igual ao da vítima”, conta ao Expresso sobre um crime que afeta sobretudo quem está entre os 40 e os 50 anos e desempenha cargos de relevo. “São pessoas com capacidade financeira, que podem suportar os custos de uma chantagem destas. O primeiro alvo é o C-Level, a administração, e os diretores das grandes empresas”, pelo que este não é um problema que afete em primeiro lugar as classes mais desfavorecidas e menos informadas. Ter formação e cargos de relevo não basta para estar atento a estes esquemas e o atual contexto veio potenciar este tipo de abordagens.
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