Segurança

Homens armados capturaram navio mercante na costa algarvia

Homens armados capturaram navio mercante na costa algarvia
Getty

Homens armados invadiram um navio mercante ao largo de Lagos, no Algarve. PJ investiga possível ligação ao narcotráfico. Marinha "sem competência legal" neste incidente, acusam inspetores da Polícia Marítima

Um grupo de homens armados invadiu um navio mercante proveniente de Vigo. O incidente ocorreu esta quinta-feira ao largo de Lagos, no Algarve.

A Polícia Judiciária está a investigar o caso e não exclui a hipótese de ligação ao narcotráfico internacional. O navio tinha partido de Vigo, na Galiza, e seguia em direção a Málaga, em Andaluzia, quando foi intercetado em alto-mar. A embarcação encontrava-se a cerca de 10km da costa portuguesa pelas 14h53 de quinta-feira.

A Marinha portuguesa mobilizou de imediato vários meios para o local, incluindo um helicóptero com uma equipa de operações especiais que tomou de assalto a embarcação.

As autoridades continuam a realizar buscas no navio e na área envolvente.

Em comunicado, a Autoridade Marítima Nacional diz que recebeu um alerta pelas 23h00 de quarta-feira, vinda do navio mercante ODYSSEUS, de bandeira da Libéria, dando conta de elementos estranhos à tripulação a bordo.

Pelas 6h00 da manhã de quinta-feira, uma equipa constituída por elementos da Marinha e da Polícia Marítima entrou a bordo do navio. A autoridade conclui o comunicado dizendo que “o navio navega em segurança em direção a Sines”.

Marinha "sem competência legal", acusam inspetores da Polícia Marítima

Entretanto, na sequência do incidente, a Associação de Inspetores e Chefes da Polícia Marítima, emitiu um comunicado a acusar a Marinha que, "sem qualquer competência legal", enviou um grupo de fuzileiros navais (Destacamento de Ações Especiais) para efetuar uma ação policial a bordo de navio estrangeiro no mar territorial (Lagos).

"Trata-se de uma ação que a AICPM repudia, e que atenta contra a Constituição da República Portuguesa, os Tratados e Convenções ratificadas e a Lei", criticam. E acrescenta: "Infelizmente assistimos a um incidente digno de um Estado do Terceiro Mundo ou de uma ditadura Militar, já que foi a própria Marinha, que com jubilo, publicitou nos órgãos de comunicação social a violação da Constituição e da Lei. Portugal é um Estado de direito e a Constituição e a Lei, merecem ser cumpridas e respeitadas."

A AICPM refere que aguarda que a Secretária-Geral de Segurança Interna e as autoridades judiciais competentes cumpram a sua parte e investiguem a atuação de militares da Marinha, contra civis em território Nacional (mar territorial).

Não podemos deixar de lamentar o facto de o Comandante-geral não ter exercido os seus deveres enquanto Autoridade de Polícia Criminal, embora reconheçamos que o atual sistema possibilita ao Chefe de Estado Maior da Armada, ainda que de forma indireta, emanar ordens ao Comandante da Polícia Marítima e interferir na Polícia Marítima.

Artigo atualizado às 22h58 de quinta-feira com novas informações

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