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Migrações

Migrantes resgatados por Itália podem vir a ser desembarcados na Albânia: é este modelo o futuro da gestão migratória na UE?

Edi Rama, Giorgia Meloni e Rishi Sunak
Edi Rama, Giorgia Meloni e Rishi Sunak
RICCARDO ANTIMIANI/Lusa

É só mais um passo no caminho da externalização das suas próprias responsabilidades fronteiriças que a UE há muito consolidou como estratégia de gestão dos fluxos migratórios. A Itália e a Albânia assinaram em novembro um acordo que prevê o envio de pessoas resgatadas no Mediterrâneo, ao largo de Itália, para portos albaneses, onde devem aguardar a análise aos seus pedidos de asilo. A aprovação de ambos os parlamentos tornou a ideia em realidade. Resta saber se os advogados que defendem os direitos de asilo vão permitir que vá mesmo para a frente. Ursula von der Leyen disse que é preciso olhar bem para este tipo de acordos “fora da caixa”

Migrantes resgatados por Itália podem vir a ser desembarcados na Albânia: é este modelo o futuro da gestão migratória na UE?

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Os caminhos legais de quem se opunha a este acordo já se esgotaram todos: foi ratificado pelos parlamentos italiano e albanês e o último obstáculo, o Tribunal Constitucional da Albânia, acabou por decidir que nada no documento entra em conflito com a lei nacional.

O acordo que Roma e Tirana assinaram em novembro de 2023 permite que Itália possa desembarcar em portos albaneses os migrantes que a Guarda Costeira italiana resgate no Mediterrâneo, em águas internacionais. Já em solo albanês, essas pessoas serão encaminhadas para “centros de processamento de pedidos de asilo”, infraestruturas que, os críticos deste acordo, dizem que podem tornar-se em prisões por tempo indefinido para milhares de pessoas. Os migrantes resgatados em águas italianas e aqueles que sejam recolhidos por navios de organizações não-governamentais retêm os seus direitos de poder pedir asilo em Itália. Estão previstas duas instalações, na Albânia, com objetivos diferentes: uma na cidade portuária de Shengjin, que deve acolher um centro de receção e triagem, e outra, o centro de detenção e remoção, será construído numa base militar abandonada em Gjader, no norte do país.

Nestes centros, geridos por Itália, sob lei italiana e com dinheiro dos contribuintes italianos, os migrantes serão entrevistados sobre as razões para pedir proteção internacional em Itália e é lá que vão ficar à espera de uma decisão positiva ou negativa para os seus casos.

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