Justiça

Tribunal do Reino Unido anula extradição de hacker português para os Estados Unidos

Tribunal do Reino Unido anula extradição de hacker português para os Estados Unidos
CNN Portugal/Reprodução

Diogo Santos Coelho está acusado de cibercrimes e arriscava uma pena de 52 anos. Juiz britânico anulou a decisão de extradição com base na saúde mental do jovem, diagnosticado com autismo e avaliado como estando em alto risco de suicídio

A justiça britânica recusou o pedido dos Estados Unidos para a extradição de Diogo Santos Coelho, o hacker português acusado de cibercrimes. Segundo o jornal britânico The Guardian, o governo do Reino Unido considera que o jovem, de 25 anos, sofreu de exploração online desde os 14 anos, o que levou a criar o site RaidForums na dark net.

Diogo tinha 14 anos quando criou o site RaidForums, uma das maiores plataformas de hackers do mundo, segundo as autoridades norte-americanas. Conhecido por vários nomes, criou um fórum onde cerca de 10 mil milhões de dados roubados eram vendidos. Segundo a CNN Portugal, os “vendedores” chegaram a fazer, no total, cerca de 400 milhões de euros com o conteúdo que roubavam. O jovem vivia deste “negócio online”, sob anonimato, tendo sido preso só aos 22 anos quando visitou a mãe, em Londres. Desde 2022, encontra-se em prisão domiciliária em Vauxhall, no sul da capital britânica.

O ano passado a justiça norte-americana, assim com Portugal, apresentaram um pedido de extradição. A transferência para os Estados Unidos tinha sido aceite pelo Ministério do Interior do Reino Unido, mas não chegou a acontecer porque o advogado de Diogo recorreu da decisão.

Agora, o Supremo Tribunal anulou oficialmente a decisão do antigo ministro do Interior, considerando razões clínicas. O jovem português diagnosticado com autismo foi avaliado como estando em alto risco de suicídio. O juiz considerou também que a falta de apoio familiar teve impacto negativo na saúde mental do hacker.

Num depoimento ao Guardian, Diogo Santos Coelho afirma que aceita a extradição para Portugal: “Nunca tentei eximir-me de responsabilidades, só ser tratado com justiça e humanidade. Esta decisão aliviou um peso enorme e espero que o Ministro do Interior agora respeite a decisão clara do tribunal e permita que isso aconteça”.

Texto escrito por Margarida Nogueira e editado por Mafalda Ganhão

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