
Vítor Escária foi ouvido no Ministério Público esta quinta-feira. Em causa, a investigação sobre uma pen-drive apreendida no cofre em São Bento
Vítor Escária foi ouvido no Ministério Público esta quinta-feira. Em causa, a investigação sobre uma pen-drive apreendida no cofre em São Bento
Jornalista
Vítor Escária, o último chefe de gabinete de António Costa no Palácio de São Bento, foi ouvido no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) esta quinta-feira. Uma informação confirmada por fonte oficial do Ministério Público ao Expresso e por Tiago Rodrigues Bastos, advogado de Escária.
Em causa está a investigação sobre uma pen-drive apreendida no cofre do seu gabinete de trabalho na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, durante as buscas de 7 de novembro de 2023, no âmbito da Operação Influencer.
Tiago Rodrigues Bastos garantiu ao Expresso que Escária desconhecia a existência da pen-drive e que esta já se encontrava no cofre antes da sua entrada em funções, que se deu em agosto de 2020. E terá sido esta a informação que deu aos procuradores do caso.
O Expresso perguntou a Tiago Rodrigues Bastos se Vítor Escária foi constituído arguido por violação de segredo de Estado e acesso ilegítimo, mas não obteve, pelo menos para já, qualquer resposta.
Na última quarta-feira, a revista Sábado revelou a existência deste inquérito. Esta quinta-feira, um dia após a notícia, o procurador-geral da República disse que serão ouvidas "as pessoas necessárias" para apurar a verdade sobre a possível violação de segredo de Estado, após apreensão de uma 'pen-drive' com lista de agentes dos serviços de informações. "Vão ser ouvidas as pessoas necessárias para nós sabermos a verdade", afirmou Amadeu Guerra, em declarações aos jornalistas, citado pela agência Lusa.
Vítor Escária já tinha sido ouvido no âmbito destas buscas. No primeiro interrogatório judicial, em novembro de 2023, Vítor Escária admitiu ao juiz de instrução Nuno Dias Costa que os 75,8 mil euros em dinheiro encontrados em quatro envelopes no seu gabinete no Palácio de São Bento não tinham sido declarados às Finanças. O ex-chefe de gabinete de António Costa justificou o dinheiro perante o magistrado com um pagamento recebimento por dar aulas e por trabalhos de consultoria, em Angola, antes de 2020.
Escária terá dito a Nuno Dias Costa que o montante pelo trabalho desenvolvido naquele país foi pago à posteriori, em dinheiro vivo, quando já fora empossado chefe de gabinete do primeiro-ministro (o economista entrou oficialmente para o Governo em agosto de 2020) e que iria declará-lo à Autoridade Tributária. Mas a questão da pen-drive não foi abordada.
A 7 de novembro de 2023, quando foram feitas buscas e detenções no âmbito da Operação Influencer, relacionada com indícios de corrupção e tráfico de influências em vários projetos de investimento, incluindo um "data center" na zona industrial de Sines, a então Procuradora-Geral da República Lucília Gago divulgou um comunicado que referia António Costa, então primeiro-ministro.
Esse processo-crime paralelo à Operação Influencer esteve no Supremo até ao início de abril, quando foi transferido para o DCIAP, assim que Costa abandonou o governo e o líder do PSD, Luís Montenegro, tomou posse como novo chefe do Executivo, após ter vencido as eleições legislativas de 10 de março do ano passado, convocadas na sequência da demissão do primeiro-ministro.
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