Justiça

Sentença de Rui Pinto adiada por causa da lei da amnistia do Papa

Sentença de Rui Pinto adiada por causa da lei da amnistia do Papa
Sonja Och

Estava previsto que Rui Pinto viesse a conhecer a sua sentença esta quinta-feira. Mas a leitura do acórdão foi adiada para o fim do mês ou para o início de setembro. Tudo por causa da vinda do Papa Francisco à Jornada Mundial da Juventude

Sentença de Rui Pinto adiada por causa da lei da amnistia do Papa

Hugo Franco

Jornalista

O Tribunal Judicial de Lisboa adiou a leitura da sentença de Rui Pinto, no processo Football Leaks, no qual é acusado de crimes informáticos ou de extorsão. O alegado hacker ia conhecer a decisão do tribunal na próxima quinta-feira, mas a visita do Papa Francisco a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) veio adiar a decisão.

Está previsto que, por causa da vinda do Papa, venham a ser amnistiadas todas as infrações penais cuja pena aplicável não seja superior a um ano de prisão ou a 120 dias de multa por pessoas que tenham entre 16 e 30 anos de idade na altura em que cometeram os crimes. E Rui Pinto encontra-se nesse grupo: é acusado de 14 crimes de violação de correspondência e onze deles são de forma simples, devendo ser a sua responsabilidade neles extinta.

E a chamada Lei da Amnistia irá entrar em vigor até ao dia 13 deste mês, precisamente no dia do julgamento. Para o tribunal, “mostrar-se-ia inútil e contrário à estabilidade inerente às decisões judiciais, a prolação de um acórdão que de seguida, dias depois, pudesse ter que vir a ser alterado”. Dessa maneira, “seria inusitado e contrário a uma tramitação célere que num curto espaço de tempo no presente processo passassem a coexistir dois acórdãos, o segundo dos quais proferido antes do trânsito em julgado do primeiro, com todas as inerentes questões processuais e atrasos para a definição da situação jurídica do arguido que de tal situação adviria”.

Já os outros crimes de que é acusado - 68 de acesso indevido, seis de acesso ilegítimo, sabotagem informática e por extorsão, na forma tentada - estarão fora da amnistia pois têm molduras penais superiores a um ano.

O tribunal marcou duas datas possíveis para a leitura da sentença: 31 de julho, pelas 14h30, caso a referida Lei da amnistia entre em vigor até ao dia 28 de julho ou, em alternativa e para o caso tal não vir a suceder, o próximo dia 11 de setembro, pelas 14h30.

Alegado hacker conheceu nova acusação

Ao total, Rui Pinto responde por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.

Há uma semana, o Ministério Público imputou-lhe mais 377 crimes por ter invadido os sistemas informáticos do Benfica, Rio Ave, Leixões, Moreirense, Liga de Clubes, juízes e procuradores, Rede Nacional de Segurança Interna, Autoridade Tributária, grupo Cofina, Vitória de Guimarães e a IURD.

Em reação à nova acusação, revelada pela revista “Sábado”, a defesa de Rui Pinto acusou o Ministério Público (MP) de querer "eternizar o percurso judicial" do criador do Football Leaks, denunciando a sua intenção de avançar com sucessivas acusações ao arguido.

"A presente acusação insere-se na estratégia do Ministério Público de eternizar o percurso judicial de Rui Pinto, uma vez que estão em causa factos alegadamente ocorridos entre 2016 e 2019 e que, por opção da Sra. Procuradora da República, não foram incluídos no processo cujo julgamento já foi realizado e cuja leitura do acórdão se encontra marcada para o próximo dia 13", refere a equipa de defesa de Rui Pinto, em comunicado enviado à agência Lusa.

[artigo corrigido às 19h30]

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