O dia 3 da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) parecia ter terminado com a homilia do Papa Francisco no Mosteiro dos Jerónimos, mas a agenda, já de si apertada, foi esticada para um dos encontros mais significativos desta semana.
“Hoje à noite, no final dos encontros institucionais e com a Igreja, o Papa Francisco recebeu na Nunciatura um grupo de 13 pessoas, vítimas de abusos por parte de membros do clero, acompanhadas por alguns representantes das instituições da Igreja portuguesa responsáveis pela proteção de menores”, diz o comunicado da Santa Sé. O encontro decorreu em “clima de escuta intensa”, acrescenta o texto, e “durou mais de uma hora, concluindo-se pouco depois das 20h15”. Ou seja, pouco depois do momento em que o Papa decidiu falar sobre os crimes cometidos pelo clero.
Não foram as palavras mais contundentes em relação aos abusos sexuais na Igreja Católica, nem uma homilia toda centrada no tema, como se chegou a pensar que aconteceria esta quarta-feira, no primeiro dia do Papa em Portugal. Mas Francisco exortou a Igreja Católica a mudar, nesse e noutros temas, a “sair da margem das desilusões e do imobilismo” e a ser para “todos, todos, todos”.
A repetição de palavras serviu para vincar o ponto de um Papa que quer marcar o seu pontificado por essa ideia de “sinodalidade” - “o barco da Igreja” é feito para todos, voltou a dizer. Contra o clericalismo, disse, às vezes encarando nos olhos os representantes da Igreja, “vão aos confins e tragam todos, todos, todos”.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jdcorreia@expresso.impresa.pt