“Não temos sido envolvidos neste processo, já tentamos contactar várias entidades e nada. Há informação zero”, diz ao Expresso a proprietária da Gelataria do Bairro, na Via do Oriente, a alguns passos do Parque Tejo-Trancão que irá receber alguns dos principais eventos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A menos de um mês do evento que espera receber mais de um milhão de pessoas, o testemunho de Ana Bela Dias é repetido por vários proprietários de pequeno comércio. Tanto nesta zona do Parque das Nações como no Parque Eduardo VII, os empresários aguardam indicações das respetivas Juntas de Freguesia ou da Câmara Municipal de Lisboa (CML) sobre como poderão proceder na semana das jornadas. “Se ficarmos abertos, precisamos de mais quantidade de produtos. Mas não vamos estar a investir dinheiro que faz falta para depois nos obrigarem a estar de porta fechada”, explica outra proprietária. Ao Expresso, a CML admitiu “limitações de funcionamento” e “restrições nas cargas e descargas” aos negócios dentro do “perímetro do recinto dos eventos com o Papa Francisco”. Contudo, as “soluções” só serão conhecidas após a divulgação do Plano de Mobilidade e do Plano de Segurança, o que deve acontecer a 14 de julho.
“Já estou há 15 anos nesta rua, falo com todos os comerciantes e ninguém tem informação nenhuma. Ninguém sabe o que fazer. Já pedi informações à CML, à Junta de Freguesia do Parque das Nações e à polícia e ninguém sabe nada”, partilhou Nuno Vicente, proprietário do Rocket Bar, um dos negócios na Via do Oriente, a alguns metros de distância do altar-palco do Parque Tejo-Trancão. Perante esta incerteza, Nuno Vicente tem dúvidas sobre investir num aumento de stock. Por agora, a solução passou por um reforço apenas em “20% ou 30%” para tentar minimizar o prejuízo em caso de serem obrigados a encerrar. A umas portas de distância, Ana Bela Dias, dona da Gelataria do Bairro, partilha das mesmas preocupações. “Se ficarmos abertos temos que comprar material, mas será que vale a pena investir? E se depois nos obrigam a fechar, o que é que vamos fazer? Há falta de organização, é tudo em cima do joelho”.
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