Incêndios

PS vota contra pedidos do Chega e PCP para debate de urgência na AR: "Não faremos ao dr. Montenegro o que ele fez ao PS"

José Luís Carneiro em encontro com jovens em Paredes de Coura
José Luís Carneiro em encontro com jovens em Paredes de Coura
ESTELA SILVA

Conferência de líderes parlamentares debate na quarta-feira os pedidos do Chega e do PCP para debates de urgência sobre o combate a incêndios

O secretário-geral socialista disse hoje que o partido vai votar contra os pedidos do Chega e PCP para debater no parlamento a coordenação do combate aos incêndios, com a presença do primeiro-ministro e da ministra da Administração Interna. "O PS é contra a chicana política, numa altura em que se está a combater os incêndios que põem em causa a vida das pessoas e o seu património", justificou José Luís Carneiro. Questionado sobre se a posição do PS é tomada por as propostas terem sido do PCP e do Chega, respondeu: "Entendemos que é uma utilização indevida [...] nós não faremos ao doutor Luís Montenegro, nem diremos do doutor Luís Montenegro, aquilo que o doutor Luís Montenegro disse do doutor António Costa e disse do Partido Socialista quando estava no Governo, a propósito dos incêndios".

O líder socialista, que falava aos jornalistas na cidade da Horta, na ilha do Faial, Açores, no final de uma visita às instalações locais da RTP/Açores também criticou o presidente do Chega por ter estado "10 dias sem qualquer tipo de reação".

Na segunda-feira, fonte do gabinete do presidente da Assembleia da República disse que a conferência de líderes parlamentares vai reunir-se na quarta-feira para discutir o pedido do Chega para um debate de urgência sobre a coordenação do combate aos incêndios com a presença do primeiro-ministro e da ministra da Administração Interna.

Esta terça-feira, o Grupo Parlamentar do PCP requereu uma reunião extraordinária da Comissão Permanente da Assembleia da República com a presença do primeiro-ministro para debater os incêndios que têm estado a afetar o país. mas José Luís Carneiro disse que, na conferência de líderes, o PS irá votar contra os pedidos.

"É um voto contra. Quando somos contra, temos que ser consequentes, que é um voto contra a tentativa de um aproveitamento, do meu ponto de vista indevido, num momento especialmente crítico", justificou.

Acrescentou que haverá uma altura para avaliar o que "correu bem e o que correu menos bem" e que o PS já apresentou "propostas alternativas de como se poderia fazer bem". Para o PS "é incompreensível que alguém que esteve 10 dias sem aparecer tenha agora vindo descobrir que era preciso um debate, sobre a forma como se está a fazer [o combate], porque do debate nada resultará que possa melhorar a resposta aos incêndios", disse, referindo-se ao líder do Chega.

"Do meu ponto de vista, esta proposta de um partido que está à extrema-direita no parlamento, tem em vista ultrapassar 10 dias em que estava desaparecido. Aliás, não se compreende o desaparecimento de um partido que aparecia sempre a pedir contas aos governos anteriores e tenha estado 10 dias sem qualquer tipo de reação e até, também, é surpreendente que tenha vindo pedir contas à ministra da Administração Interna e não as tenha pedido ao primeiro-ministro", declarou José Luís Carneiro.

José Luís Carneiro reafirmou que o primeiro-ministro deve conduzir politicamente o combate aos incêndios, "no sentido de dar orientações", por isso, propôs a convocação da Comissão Nacional de Proteção Civil. Considera ainda importante saber "porque é que o ministro da Agricultura e das Florestas até agora ainda não falou". "Também se espera que o ministro da Agricultura venha, pelo menos, dar uma palavra aos agricultores, aos produtores florestais, às empresas que vivem dessas atividades, o que é que o Governo pretende fazer para apoiar, nomeadamente a reposição da produção agroflorestal", concluiu.

Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração da situação de alerta desde 02 de agosto.

Os fogos provocaram dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.

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