Os resultados das provas de Monitorização das Aprendizagens (ModA) que começaram a ser enviados às escolas na segunda-feira, são "globalmente positivos", considerou o Governo, que destaca o Inglês e o Português Língua Não Materna.
"Temos resultados que são globalmente positivos, a rondar os 50 pontos ModA [numa escalal de 0 a 100]. Estamos a falar de resultados que estão particularmente equilibrados. Eu destacaria, do ponto de vista até da utilidade de diagnóstico, a disciplina de Inglês no 4º ano [61 pontos] e o Português Língua Não Materna (58 pontos]", disse à agência Lusa o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo.
Já nas provas de Português e e de História e Geografia realizadas no 6.º ano, os resultados foram negativos, com médias de 48,6 pontos e 49,6, respetivamente. Os dados divulgados pelo Ministério da Educação permitem ainda perceber que níveis de domínio foram alcançados pelos alunos nestas provas que não são públicas - os enunciados não são divulgados, para que as provas sigam a mesma estrutura e conteúdos e permitam comparações ao longo do tempo.
No caso da prova de Português do 6º ano, um quinto dos alunos (27%) não foi além dos níveis mais básicos (dois primeiros de uma escala com seis), conseguindo apenas resolver os exercícios mais elementares e de interpretação simples.. E apenas 44% consegui uma nota superior a 50 pontos (de 0 a 100).
Já a História e Geografia de Portugal do 6º ano, os resultados foram igualmente baixos: 52% não chegaram aos 50 pontos e 18% ficaram no nível "inicial" e "básico 1"
Relatórios por escola e por turma
O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) começou o envio aos estabelecimentos de ensino dos resultados das provas ModA, tendo sido hoje disponibilizados os relatórios por escola/agrupamento, bem como por turma, informou o Ministério da Educação.
As provas ModA foram realizadas este ano pela primeira vez, em formato digital, no 4.º e 6.º anos do Ensino Básico, utilizando itens calibrados e equivalentes de ano para ano, o que permite a sua comparabilidade e o acompanhamento do progresso das aprendizagens dos alunos.
Num balanço feito à Agência Lusa, o secretário de Estado recordou que este foi o primeiro ano de aplicação das provas, que "surgiram como reforma estrutural na avaliação externa, para trazer mais transparência e previsibilidade e mais comparabilidade", permitindo um diagnóstico "mais fino e preciso" sobre as aprendizagens dos alunos.
Como foi o primeiro ano, disse, está a ser construída a base de comparação para os anos futuros, o que vai permitir uma monitorização da evolução dos alunos.
Alexandre Homem Cristo afirmou que só por isso o balanço já seria positivo, pelo facto de poder ter diagnósticos no final dos ciclos e alinhar com os documentos curriculares, podendo melhorá-los.
O governante destacou a grande mudança metodológica do IAVE, colocando grande foco na comparabilidade, num modelo de construção (das provas) muito próximo do que são as provas internacionais da OCDE.
Mas foram também positivos, disse, os resultados equilibrados, a rondar os 50 pontos, numa escala de zero a cem.
"No caso do Inglês é particularmente evidente que os resultados dos alunos foram muito positivos, mas este muito positivo tem um significado importante de política pública: temos no caso do Inglês cerca de 75% dos alunos com nível de proficiente ou avançado (os mais altos na escala ModA), portanto três quartos dos alunos", destacou o secretário de Estado.
Referiu também que os resultados mostraram que os alunos têm níveis de proficiência acima dos que estão nos documentos curriculares, o que permite refletir sobre a revisão das aprendizagens, e eventualmente subir esses níveis.
O mesmo quanto ao Português Língua Não Materna, com 70% dos alunos a estarem com níveis de proficiente ou avançado, o que quer dizer bons desempenhos, o que demonstra que "pode haver melhorias a introduzir nesta disciplina ao longo do ano".
"Vamos avaliar se estes testes de diagnóstico podem ser aplicados noutros contextos e noutros momentos do ano letivo, para ver se os alunos podem progredir para outros níveis de proficiência ou mesmo para as aulas de português com os restantes colegas", disse o responsável.
Questionado sobre fragilidades detetadas, Alexandre Homem Cristo preferiu destacar "a importância dos diagnósticos", a comparação que é possível entre escolas e turmas.
"E isto permite às escolas perceberem como estão os alunos a evoluir", e do ponto de vista dos professores e das suas turmas os diagnósticos permitem antes do arranque do ano letivo perceber "as fragilidades dos seus alunos, o perfil das suas turmas", para "preparar ou antecipar algumas dificuldades e desafios que vão encontrar", disse.
O secretário de Estado indicou que na avaliação também há, ainda que em "percentagens mais pequenas", alunos de nível inicial, que têm dificuldades "muito profundas" nas literacias que estão a ser avaliadas.
"É essencial que estes alunos sejam identificados, que as escolas os apoiem, porque são alunos que estão em risco de ficar para trás", afirmou o secretário de Estado.
As provas ModA realizam-se anualmente nas disciplinas de Português e de Matemática em ambos os anos de escolaridade e, rotativamente, a outras disciplinas --- em 2024/2025, a Inglês, no 4.º ano, e a História e Geografia de Portugal, no 6.º ano.
No total, foram realizadas 343.673 provas no final do 1.º ciclo, o que corresponde a uma taxa de realização de 88,15%, e 274.236 provas no final do 2.º ciclo, o que representa uma taxa de realização de 93,97%.
As provas ModA integram o novo modelo de avaliação externa apresentado pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação em julho de 2024.
O processo de classificação das provas ModA foi assegurado pelas equipas de avaliadores do IAVE, constituídas por 289 professores supervisores do IAVE.