Ensino

Diretores escolares não estranham os dois milhões de dias de falta por ano

Diretores escolares não estranham os dois milhões de dias de falta por ano

Os diretores escolares não ficaram surpreendidos com o facto de os professores faltarem cerca de dois milhões de dias por ano, lembrando que é uma classe envelhecida e uma profissão de desgaste rápido.

Os diretores escolares não ficaram surpreendidos com o facto de os professores faltarem cerca de dois milhões de dias por ano, lembrado que é uma classe envelhecida e uma profissão de desgaste rápido.

"Temos muitos casos de 'burnout'. Esta é uma profissão de desgaste rápido, além de que estamos a falar de uma classe envelhecida", sublinhou o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, reagindo ao estudo lançado hoje pelo Edulog.

Todos os dias faltam, em média, onze mil docentes nas escolas, afetando cinco mil turmas, segundo o estudo "A realidade demográfica e laboral dos professores do ensino público em Portugal 2016/2017 - 2020/2021", lançado pelo think tank da Fundação Belmiro de Azevedo direcionado para a área de Educação.

Apesar da aparente grandeza dos números, a grande maioria dos professores nunca falta ou falta menos de 10 dias por ano e por isso "nem é justa a ideia de imaginar que as escolas ficam abandonadas", lê-se no trabalho.

Segundo a investigadora do ISCTE e coordenadora do estudo, Isabel Flores, os níveis de absentismo entre os professores das escolas públicas são semelhantes aos das restantes classes da Administração Pública, um dado que é também sublinhado por Filinto Lima.

O estudo aponta para a dificuldade em substituir temporariamente os professores como um dos principais motivos pela existência de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina.

Filinto Lima reconhece que a substituição destes docentes é uma dor de cabeça para ao diretores que têm de encontrar quem esteja disposto a dar aulas apenas por um curto período de tempo.

"Os professores não vão ficar todo o ano à espera que o telefone toque para ir dar aulas, que podem ser apenas durante um mês e com um horário de apenas algumas horas. Entretanto, já organizaram a sua vida de outra forma, muitas vezes exercendo outras profissões", explicou, lamentando a situação precária destes docentes.

Mas, para a ANDAEP, "haver alunos que estão sem professores desde o dia 1 de setembro é que é realmente grave".

O representante dos diretores escolares alertou para o facto de a falta de professores poder vir a ser "a próxima pandemia nacional": "Antes não tínhamos funcionários, hoje não temos professores".

Filinto Lima voltou a defender a necessidade de valorizar a profissão para atrair os mais jovens para uma profissão envelhecida. No ano letivo de 2020/2021, a média de idades dos professores era de 51 anos, sendo que 19% já tinha mais de 60 anos, segundo o estudo.

Para o representante dos diretores, é "urgente tratar este problema estrutural pela raiz" e "é preciso mostrar aos jovens que no dia 10 de março (eleições) vão passar a tratar com dignidade a carreira docente, começando pela recuperação do tempo de serviço dos professores".

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