Ensino

Quase um quarto dos estudantes da Academia do Porto já pensou abandonar estudos por motivos financeiros

Estudantes protestaram em frente à Reitoria da Universidade do Porto no "Dia Nacional de Luta", esta quinta-feira, dia 23 de março
Estudantes protestaram em frente à Reitoria da Universidade do Porto no "Dia Nacional de Luta", esta quinta-feira, dia 23 de março
JOSÉ COELHO

Os estudantes deslocados e os bolseiros são os que relatam mais dificuldades em conseguir continuar na universidade por causa da inflação. Inquérito da Federação Académica do Porto mostra, também, que a saúde mental dos alunos se deteriorou

Quase um quarto (24%) dos estudantes da Academia do Porto já pensou desistir da universidade por motivos financeiros, mostra um inquérito divulgado esta sexta-feira, Dia Nacional do Estudante, pela Federação Académica do Porto (FAP). O inquérito, com o título “Os Custos da Inflação no Ensino Superior”, contou com um total de 1277 participantes.

“Esta percentagem é preocupante, uma vez que revela a existência de um conjunto de estudantes que não se encontra apoiado pelo sistema de ação social direta, mas que está a sentir dificuldades financeiras ao ponto de ponderar desistir de estudar”, afirma a FAP em comunicado.

Mais de metade (55%) dos inquiridos que pensam ou já pensaram abandonar o Ensino Superior são estudantes deslocados. Destes, pelo menos 50% estão a suportar, em média, mais de quinhentos euros por mês em despesas, desde alojamento e propinas a transportes e alimentação.

Para fazer face à inflação, muitos estudantes universitários admitem ter reduzido a frequência com que vão às compras, bem como os gastos no supermercado. Por outro lado, alguns compram produtos mais baratos, ainda que com menos qualidade nutricional, e também menos material escolar. Mais de metade prepara ainda as refeições em casa para depois comer na faculdade.

Saúde mental dos estudantes deteriorou-se

Além das dificuldades financeiras, quase três quartos (74%) dos alunos inquiridos relatam também um declínio significativo da sua saúde mental durante este ano letivo, sendo os bolseiros os mais afetados. As duas principais razões apontadas para a deterioração do bem-estar psicológico são a pressão sentida no desempenho académico e o aumento do custo de vida.

“O futuro profissional também está presente entre os fatores de perturbação da saúde mental dos estudantes, com 35% dos inquiridos a sentirem que as suas perspetivas de carreira são inalcançáveis. Adicionalmente, 26% dos estudantes mostram-se afetados com o receio de não encontrar emprego”, detalha a FAP.

O inquérito da Federação Académica do Porto foi desenvolvido entre os dias 16 e 21 de março. A maioria dos participantes é do sexo feminino e está inscrita em cursos de licenciatura. Do total de inquiridos, quase metade é estudante deslocado e cerca de um terço beneficia de uma bolsa de estudos.

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