Coronavírus

Ómicron pode demorar “poucas horas” a tornar-se infecciosa. Teremos de fazer mais testes, alerta epidemiologista britânica

Ómicron pode demorar “poucas horas” a tornar-se infecciosa. Teremos de fazer mais testes, alerta epidemiologista britânica
Pavlo Gonchar/SOPA/Getty Images

Segundo Irene Petersen, da University College de Londres, a nova variante é “muito, muito rápida” a tornar-se transmissível, o que pode levar à necessidade de vários testes diários para evitar a propagação do vírus. Hipótese é real mas tem de ser estudada e confirmada com dados, aponta Miguel Castanho, investigador do Instituto de Medicina Molecular

Ómicron pode demorar “poucas horas” a tornar-se infecciosa. Teremos de fazer mais testes, alerta epidemiologista britânica

Tiago Soares

Jornalista

Há o risco de a variante Ómicron ser mais rápida a tornar-se infecciosa, o que pode levar à necessidade de realizar mais testes para confirmar um caso de covid-19. O alerta é dado por Irene Petersen, professora de epidemiologia na University College de Londres.

Em declarações ao jornal “The Sunday Telegraph”, Petersen garante: “A variante Ómicron é muito, muito rápida, por isso os resultados dos testes expiram muito rápido. Estamos a falar de uma questão de horas.” Assim, a perita aconselha as autoridades de saúde britânicas a atualizar as atuais recomendações em relação à testagem, que neste momento referem a realização de um teste no próprio dia em que o cidadão vá estar numa situação “de alto risco” - ou seja, numa situação pública com muita gente em pouco espaço.

“Isso não é bom o suficiente. Estamos a ver muitos exemplos em que as pessoas fazem um teste num dia, dá negativo, e no dia seguinte fazem um novo teste que dá positivo”, aponta Petersen, sem no entanto avançar dados concretos sobre esta situação. Os números mais recentes mostram que há quase 25 mil casos activos da variante Ómicron no Reino Unido, num crescimento que tem sido exponencial durante as últimas semanas.

Se esta rapidez associada à Ómicron se confirmar, a testagem só vai resultar enquanto travão da atual epidemia “se for massivamente seguida por todos”, aponta ao Expresso Miguel Castanho, investigador do Instituto de Medicina Molecular.

O cenário é fácil de explicar: se a Ómicron for de facto mais rápida que os testes em comparação com outras variantes, uma pessoa que tenha de ir a três locais de risco elevado num único dia vai precisar de fazer três testes nesse dia, um antes de cada uma dessas deslocações - isto porque corre o risco de ficar positivo de uma hora para a outra e assim tornar-se um agente de propagação do vírus. E este problema pode verificar-se no caso de serem feitos testes PCR, antigénios, ou testes rápidos: "Os PCR são mais precisos e fiáveis mas a questão da periodicidade dos testes coloca-se de igual forma", aponta Miguel Castanho.

Esta hipótese iria diminuir consideravelmente a margem de segurança que um teste à covid-19 oferece, confirma Miguel Castanho. No entanto, o especialista sublinha que é necessário mais tempo e mais dados para confirmar esta previsão e reforçar as atuais normas relacionadas com a testagem: “Essa rapidez na transmissão parece-me estranha. O vírus demora algum tempo a chegar aos tecidos de multiplicação, iniciar a multiplicação e atingir quantidades mínimas para tornar a pessoa infecciosa. É mesmo necessário que esta hipótese se confirme com dados consistentes e objetivos”, conclui.

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