A Comissão de Saúde Pública em Espanha aprovou esta terça-feira o início da campanha de vacinação infantil, após o imunizante da Pfizer para os menores de idade ter sido validado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), segundo noticia o El País.
Espanha vai iniciar a 15 de dezembro a campanha de vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos, dois dias depois de chegarem ao país as primeiras remessas de imunizante infantil.
As autoridades de saúde espanholas esperam receber 3,2 milhões de doses de vacinas para os mais pequenos até janeiro, o que daria para inocular a primeira dose em praticamente todas as crianças do país entre 5 e 11 anos (segmento que totaliza 3,3 milhões), segundo destaca o El País, lembrando que a segunda dose da vacina será ministrada oito semanas depois.
O Ministério da Saúde de Espanha explicitou em comunicado que a vacina para crianças tinha sido aprovada com o objetivo de evitar a gravidade da doença junto da população infantil e a sua transmissão em ambientes familiares, escolares ou na comunidade.
A faixa etária com menos de 12 anos, a única que até à data não foi alvo de campanhas de vacinação, é a que apresenta atualmente maior incidência de casos em Espanha, com 412 infeções por 100 mil habitantes, mais do triplo junto da taxa manifestada nos adolescentes (133 casos por 100 mil habitantes) ou nos idosos com mais de 80 anos (125).
"As crianças estão a contribuir para algo que não tinha acontecido até agora"
Os ensaios da vacina da Pfizer para crianças dos 5 aos 11 anos (que contém um terço da dose dos adultos) revela que, com as variantes em circulação, consegue reduzir em 91% as probabilidades de os mais jovens contraírem o coronavírus, reduzindo ao mínimo a hipótese de internamento e para praticamente zero a de morte. Recorde-se que para crianças abaixo dos 5 anos não há ainda imunizante à covid aprovado.
A convicção das autoridades de saúde espanholas é que assim como a quinta vaga de covid se espalhou rapidamente entre os jovens, a sexta vaga está a atingir sobretudo as crianças.
Num contexto de baixa transmissão, os cientistas contactados pelo El País não eram favoráveis à vacinação de crianças, mas a atual situação sanitária fez a comunidade científica mudar de opinião.
Fernando Rodríguez Artalejo, professor de Saúde Pública da Universidade Autónoma de Madrid, defende que a vacinação das crianças é nesta altura benéfica, "para protegê-las, mas principalmente para impedir a transmissão".
Também Quique Bassat, epidemiologista e membro da Sociedade Espanhola de Pediatria, destacou ao jornal que, sem ser urgente, a vacinação infantil está a tornar-se necessária, já que os números confirmam que "o grupo pediátrico é de longe o que tem maior incidência, há surtos nas escolas, algo que não tinha acontecido até agora, mas temos muitos casos. As crianças estão de facto a contribuir para a transmissão do vírus no país".