Coronavírus

Von der Leyen rejeita que Certificado de vacinação seja inútil e defende discussão sobre vacinação obrigatória

Ursula von der Leyen
Ursula von der Leyen
OLIVIER HOSLET/EPA

A presidente da Comissão insiste que a vacinação é a melhor arma para vencer a guerra contra a Ccvid-19. Ursula von der Leyen evita criticar a decisão do Governo português de impor testes aos vacinados que viajem para o país, mas deixa claro que o certificado de vacinação continua a ser uma ferramenta útil. Já sobre a vacinação obrigatória, diz que a discussão deve ser feita

Von der Leyen rejeita que Certificado de vacinação seja inútil e defende discussão sobre vacinação obrigatória

Susana Frexes

Correspondente em Bruxelas

Ursula von der Leyen voltou esta quarta-feira à sala de imprensa para insistir num recado: a vacinação tem de acelerar na UE, incluindo a administração das doses de reforço. Um terço da população europeia ainda não levou qualquer dose e o número de infeções não só está a disparar, como há já dezenas de casos confirmados da nova variante Ómicron.

"A vacinação completa e os reforços são a proteção mais forte que está disponível contra a covid". A presidente da Comissão insiste na imagem de que a situação atual é semelhantes a "uma guerra", em que de um lado "estão o vírus e as variantes" e do outro a vacinação.

Porém, estar vacinado não chega para se poder viajar de avião para Portugal, o que significa que o certificado de vacinação também não serve nas deslocações aéreas entre o país os restantes Estados-membros. Uma decisão que está a ser analisada pelo executivo comunitário.

Questionada sobre se os vacinados devem ser também testados, Von der Leyen evitou criticar a medida do Governo, sem responder diretamente. Defende, no entanto, que "a UE é mais ou menos uma região epidemiológica" e "que a abordagem deve ser individual". Ou seja, quem está vacinado, deveria poder entrar sem restrições adicionais.

A posição da Comissão que tem vigorado é a de que quem está vacinado, em princípio, não deveria ser alvo de testes e quarentenas nas viagens intracomunitárias.

Quanto à utilidade do Certificado Covid, Von der Leyen rejeita que se esteja a tornar obsoleto, sobretudo na vertente de vacinação - existe também para recuperados e testes.

"Este certificado tem sido um sucesso enorme", é "único no mundo". Acredita que vai continuar a ser útil mesmo com as novas variantes de preocupação, como é o caso da Ómicron. "Serviu no passado e vai continuar a servir no futuro", insiste, argumentando que é por isso que terá de ser adaptado para incluir a dose de reforço. "Após seis meses, as pessoas devem tomá-la."

Vacinação obrigatória deve ser discutida

Desde o início que Bruxelas tem defendido que a vacina deve ser voluntária. No entanto, Von der Leyen admite agora que o caminho pode ser outro. A alemã entende que discussão sobre a vacinação obrigatória é "apropriada e compreensível" tendo em conta que só 66% da população europeia está vacinada.

Para a presidente da Comissão, os 150 milhões que ainda não estão inoculados representam um número muito elevado. Com exceção das crianças e dos que por razões médicas não podem receber a vacina, "a vasta maioria podia", diz von der Leyen, assinalando que as vacinas estão disponíveis, que há em número suficiente para os reforços e que, se for preciso, estão também contratualizadas doses atualizadas às novas variantes que podem ser desenvolvidas em "100 dias".

Ressalvando que a obrigatoriedade das vacinas é competência nacional, e que não cabe à Comissão fazer essa recomendação, dá em seguida a posição pessoal, defendendo que "é preciso discutir" e encontrar "uma abordagem comum" sobre como "encorajar e potencialmente pensar em vacinação obrigatória na UE.

Aliás, a discussão e as decisões até já arrancaram. Na Áustria vão tornar a vacina obrigatória a partir de fevereiro, a Grécia vai começar a multar os não-vacinados com mais de 60 anos em janeiro e a Alemanha também já admite a discussão.

Rastrear e reduzir contactos sociais

Quanto à nova variante, a Comissão defende que é preciso não perder tempo, sobretudo enquanto se espera por uma análise detalhada da comunidade científica sobre a gravidade da Ómicron. Bruxelas apela a uma ação urgente na testagem, sequenciação e identificação da variante e no rastreio de contactos para travar as cadeias de transmissão.

Outro alerta passa pela redução dos contactos sociais. "Não é agradável", admite Von der Leyen, "mas é necessário e sabemos que é eficaz".

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