
Queimam-se cadáveres a céu aberto e muitos hospitais já não têm capacidade para receber infetados
Queimam-se cadáveres a céu aberto e muitos hospitais já não têm capacidade para receber infetados
Jornalista
Na Índia, onde mais de 18 milhões de pessoas ficaram infetadas com covid-19 e quase 205 mil morreram, as botijas de oxigénio tornaram-se o bem mais precioso. Não têm preço. Perante o aumento descontrolado de doentes, o seu valor sobe todos os dias, ditado pelas regras do mercado negro, única forma de encontrar fornecedor. Os números mais recentes traduzem algo como 364 novos infetados a cada minuto. Há doentes internados a morrer porque o oxigénio falta também nos hospitais, e é por isso que há quem pague 60 mil rupias (mais de 665 euros) para levar para casa o cilindro que pode salvar uma vida. Ou alimentar essa ilusão.
O valor é pelo menos dez vezes superior ao preço de tabela, mas o desespero abre carteiras quando falham os circuitos oficiais e se perde confiança no sistema de saúde. A segunda vaga da pandemia tem batido recordes diariamente: quinta-feira voltou a ser fixado um novo máximo mundial de contágios, com 379.257, além de 3645 óbitos em 24 horas. Sobra um país em estado de colapso. Nas morgues e cemitérios já não cabem todos os cadáveres, amontoados em pilhas em cima de veículos, para acabarem queimados a céu aberto. Também não há lugar para doentes. Em Nova Deli, como noutras cidades, sucumbe-se à porta do hospital, depois de esbarrar com letreiros onde letras gordas comunicam o fecho dos internamentos. Outros arriscam viagens em condições extremas para procurar uma cama, sem qualquer garantia.
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