Coronavírus

Brasil. Descoberta possível nova variante do coronavírus em Belo Horizonte

Brasil. Descoberta possível nova variante do coronavírus em Belo Horizonte
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A investigação refere que as mutações identificadas têm similitudes com as variantes brasileiras P1 (Manaus) e P2 (Rio de Janeiro), e ainda com a sul-africana B.1.1.351 e com a britânica B.1.1.7. Por outro lado, nas últimas horas, um juiz do Supremo brasileiro ordenou que o Senado faça uma Comissão Parlamentar de Inquérito para esclarecer supostas omissões do Governo de Bolsonaro na gestão da pandemia

Suspeita-se que há uma nova variante do coronavírus a circular em Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais, no Brasil. A descoberta foi feita por investigadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do grupo privado Hermes Pardini, que faz análises e diagnósticos, escreve a edição brasileira do jornal “El País”.

Foram identificados dois genomas com uma série de 18 mutações, o que, aliado ao facto de os dois casos suspeitos não terem qualquer relação, levanta a suspeição de que uma nova variante possa estar a circular naquele estado.

“Esses dois novos genomas estão em amostras coletadas nos dias 27 e 28 de fevereiro de 2021 e não existem evidências de ligação epidemiológica entre ambas, como parentesco ou região residencial, o que reforça a plausibilidade de circulação desta nova possível variante”, pode ler-se no documento, citado pelo diário brasileiro acima referido.

A investigação refere que as mutações identificadas têm similitudes com as variantes brasileiras P1 (Manaus) e P2 (Rio de Janeiro), e ainda com a sul-africana B.1.1.351 e com a britânica B.1.1.7. Ainda que não sejam as mesmas mutações, a coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do grupo Pardini, Danielle Zauli, fala em “alerta”, pois “estão nas mesmas regiões das variantes P1, P2, da africana e da britânica”, que “são as mais transmissíveis" e que assim "corrobora um pouco com o aumento de casos da doença no estado”.

No artigo partilhado na página na Internet do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG pode ler-se o seguinte: “Dois dos 85 genomas avaliados, oriundos de amostras não relacionadas geograficamente, demonstram a presença de um conjunto único de 18 mutações nunca anteriormente descritas em genomas de SARS-CoV-2. Estudos genéticos demonstram que esses dois novos genomas, provavelmente oriundos da antiga linhagem B.1.1.28 circulante na primeira fase da pandemia na cidade, apresentam mutações em diversas regiões do genoma, incluindo novas mutações nas posições E484 e N501 compartilhadas pelas variantes de preocupação P.1, P.2, B.1.1.7 e B.1.1.351.”.

Embora a história tenha caminhado para aí no que toca a outras variantes, ainda não é possível afirmar que esta nova variante, ou potencial nova variante ou cepa, é mais transmissível e letal.

A fraca vigilância das variantes (vigilância genómica) na América do Sul, como mostra aqui a BBC Brasil, traduz-se numa ameaça para o mundo. Ou seja, perante tudo o que tem acontecido no território e face ao descontrolo da pandemia, o Brasil é uma ameaça mundial. Esta é já uma retórica recorrente na imprensa e nas colunas de opinião locais, como esta assinada na quinta-feira por Ruy Castro, na "Folha de São Paulo": "Campeão disparado da covid, o Brasil é hoje o pior lugar do mundo. Aos olhos internacionais, somos vistos com revolta, repugnância e medo, como nem nos tempos pré-Oswaldo Cruz, em que éramos sinónimos do tifo, da peste bubónica e da febre amarela. Somos agora o último reduto da pandemia, 215 milhões de bombas humanas, potenciais exportadores da morte".

Juiz do Supremo manda Senado investigar gestão de Governo brasileiro na pandemia

Um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro determinou na quinta-feira que o Senado instale uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para esclarecer supostas omissões do Governo, presidido por Jair Bolsonaro, na gestão da pandemia.

O magistrado Luís Roberto Barroso, autor da decisão, aceitou um recurso apresentado por um grupo de senadores, que, desde o início de fevereiro, pedia a criação de uma CPI para investigar as ações do Executivo na gestão da crise de saúde provocada pela covid-19.

Desde então, o presidente da Câmara Alta, Rodrigo Pacheco, aliado de Bolsonaro, referiu a possibilidade de instalar a comissão, mas sempre considerou que não era o momento certo.

Após conhecer a decisão do STF, Pacheco reforçou esse argumento, embora tenha sublinhado aos jornalistas que acatará a decisão, na sua opinião “equivocada”, informando que a comissão começará a funcionar a partir da "próxima semana".

“Neste momento, em que a gravidade da pandemia exige união”, a comissão “parece-me um ponto fora da curva. Como é que se pretende apurar o passado se não conseguimos definir o presente e o futuro com ações concretas?", questionou Pacheco.

O Brasil enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, com sucessivos recordes de infeções e óbitos associados à covid-19, que já deixa mais de 345 mil mortes no país e cerca de 13,3 milhões de infetados em pouco mais de um ano.

Na quinta-feira, o país voltou a ultrapassar o seu máximo diário ao registar 4249 mortes em 24 horas.

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