Apesar do caso AstraZeneca, a grande maioria dos portugueses quer ser vacinada
Um estudo da Deco feito em quatro países europeus mostra que os portugueses são os que depositam mais confiança nas vacinas em geral
Um estudo da Deco feito em quatro países europeus mostra que os portugueses são os que depositam mais confiança nas vacinas em geral
Jornalista
A vacina contra a covid-19 da AstraZeneca tem sofrido vários percalços. O mais recente aconteceu esta quarta-feira, com a Agência Europeia de Medicamentos a admitir uma possível ligação entre o fármaco e a formação de coágulos sanguíneos. Vários países europeus já suspenderam temporariamente ou limitaram a administração da AstraZeneca, o que abalou, de uma forma geral, a confiança nas vacinas. Ainda assim, a maioria dos portugueses quer ser inoculada.
Um estudo da Deco Proteste feito em quatro países europeus (Portugal, Espanha, Itália e Bélgica), divulgado esta quinta-feira, mostra que os portugueses são os que depositam mais confiança nas vacinas em geral. Só 5% dos inquiridos recusam serem inoculados e 10% dizem que talvez não o sejam.
O inquérito, feito entre 26 e 30 de março, aponta também que “a confiança na vacina da AstraZeneca ficou abalada para 63% dos portugueses”. O sentimento negativo alargou-se e 41% dos inquiridos “também reportaram um impacto negativo sobre as restantes” vacinas. No entanto, a desconfiança não significa que os portugueses recusem a inoculação, ressalva a Deco.
Os resultados mostram ainda que a maioria dos portugueses aguarda ansiosamente pela sua vez de ser vacinada. Se fossem chamados para serem inoculados já na próxima semana, 59% dos inquiridos “aceitariam a proposta sem reservas” e 26% “provavelmente” responderiam sim.
Os números recolhidos em Portugal são ligeiramente “mais favoráveis do que os registados em Espanha e contrastam com os referentes a Itália e Bélgica”, segundo a Deco. “No país vizinho, 52% não teriam dúvidas em receber a vacina, enquanto na Bélgica este valor é de apenas 47% e em Itália de 45%”.
Os portugueses inquiridos que recusam qualquer vacina contra a covid-19 (5%) ou que provavelmente não querem ser inoculados (10%) apresentam várias razões para justificar a sua opção. O receio dos efeitos secundários é o motivo mais forte, apresentado por 59% dos inquiridos. “Não pertenço a grupos de risco” (36%), “não confio em certas vacinas contra a covid” (36%), ou “há interesses ocultos associados às vacinas” (23%) são os outros três motivos mais destacados.
O inquérito da Deco revela também que os portugueses mais informados são também os mais confiantes: “Quanto mais elevado o nível educacional dos participantes no estudo, maior é esta proporção”. Já os menos informados ou com um nível educacional mais baixo são os que mais concordam com a decisão do Governo de suspender temporariamente esta vacina.
Além de abalar a confiança na própria farmacêutica, o caso da AstraZeneca aumentou o escrutínio sobre a prestação da Agência Europeia de Medicamentos e a defesa da saúde dos cidadãos pelo Governo e pela Direção-Geral da Saúde, dá ainda conta a Deco.
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