Covid-19. Países europeus ponderam misturar vacinas para ultrapassar a suspensão da AstraZeneca
PAULO NOVAIS/LUSA
A Alemanha foi o primeiro país da Europa a recomendar que as pessoas com menos de 60 anos inoculadas com a primeira dose da AstraZeneca recebessem uma vacina diferente para a segunda dose
Vários países europeus estão a considerar misturar vacinas contra a covid-19 para imunizar as pessoas que receberam a primeira dose da AstraZeneca e que, entretanto, não podem receber a segunda devido às restrições aplicadas por alguns governos.
As campanhas de vacinação na União Europeia têm sofrido alguns percalços, desde o atraso ou corte no fornecimento de doses à suspensão temporária do fármaco da AstraZeneca. Vários países decidiram parar de administrar esta vacina devido à possível formação de coágulos sanguíneos raros, agora confirmada pelo regulador europeu.
Ainda assim, a Agência Europeia do Medicamento insiste que os benefícios superam os riscos associados aos efeitos secundários. Embora muitos países, incluindo Portugal, já tenham retomado a administração da vacina, alguns impuseram restrições de idade.
Nesses casos, a decisão levou as autoridades de saúde a pensarem numa alternativa para as pessoas que receberam a primeira dose da AstraZeneca, mas que já não são elegíveis para receber a segunda inoculação.
A Alemanha foi o primeiro país da Europa a recomendar, na última quinta-feira, que as pessoas com menos de 60 anos que tomaram a primeira dose da AstraZeneca recebessem um imunizante diferente para a segunda dose, relata a "Reuters".
Já a Noruega vai decidir até 15 de abril se retoma o uso da vacina, ou se aposta numa alternativa. As autoridades norueguesas ainda estão à espera dos resultados de um ensaio britânico lançado em fevereiro, que estuda a combinação de doses das vacinas da Pfizer/ BioNTech e da AstraZeneca/ Oxford.
A Grã-Bretanha anunciou, no final de 2020, que ia permitir que as pessoas recebessem doses de diferentes vacinas em raras ocasiões, mas ainda não teve de o fazer.
A Finlândia voltou a utilizar a vacina da AstraZeneca desde o final de março, mas só está a ser administrada às pessoas com 65 ou mais anos. O país aguardava pelas conclusões da EMA antes de emitir uma orientação. Tem de começar a dar as segundas doses até meados deste mês.
Em França, onde a vacina só pode ser aplicada às pessoas com 55 anos ou mais, a decisão também afeta milhares de cidadãos nesta faixa etária que receberam a primeira dose e aguardam, agora, pela segunda.
Em Portugal, a task-force responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 adiantou, na terça-feira, que o país mantém o uso da vacina até surgir uma posição oficial da Agência Europeia de Medicamentos (entretanto conhecida), da Direção-Geral da Saúde e do Infarmed.
Entretanto, a presidência portuguesa do conselho da União Europeia convocou uma reunião de urgência dos ministros da Saúde para debater as conclusões dos peritos sobre os eventuais riscos associados à vacina AstraZeneca contra a covid-19. A reunião, marcada para as 17 horas, vai ser presidida por Marta Temido.