A ministra da Saúde, Marta Temido, convocou a reunião de emergência para coordenar posições, mas a videoconferência de ministros da Saúde da União Europeia voltou a deixar claro que nem todos interpretam e seguem as recomendações da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) da mesma forma.
"Os Estados-membros da UE partilharam diferentes interpretações sobre as conclusões do [mais recente] relatório, tendo procurado, no entanto, clarificar com a EMA aspetos relacionados com a segurança da Vaxzevria", diz o comunicado da presidência portuguesa do Conselho da UE, no final do encontro.
Os 27 reuniram-se logo após a conferência de imprensa da Agência Europeia de medicamentos, na qual foi confirmado que "existe a possibilidade de ocorrência de casos muito raros de formação de coágulos sanguíneos" associados a níveis reduzidos de plaquetas, identificados, na sua maioria, em indivíduos do sexo feminino com menos de 60 anos". No entanto, a EMA reforçou que os benefícios da vacina continuam a superar os riscos e que não existe atualmente prova que justifique limitar a administração da vacina a grupos etários específicos.
Ainda assim, são vários os países que entretanto anunciaram novas restrições por idades. A Bélgica, por exemplo, decidiu esta quarta-feira administrar a vacina da AstraZeneca a maiores de 56 anos e a Itália a maiores de 60, tal como tem estado a fazer a Alemanha. Já França tem a administração limitada a maiores de 55 anos.
“Esta é uma decisão técnica. Não uma decisão política. Devemos continuar a seguir a melhor informação científica disponibilizada pela EMA nos seus pareceres. Não devemos esquecer que as decisões individuais afetam todos", avisa Marta Temido no comunicado.
Já esta tarde, António Costa tinha apelado a uma "posição coordenada", defendendo que era preciso evitar "o cada um por si", uma vez que isso era "fator de desconfiança e de insegurança para todos".
No final do encontro, não houve conferência de imprensa, mas apenas uma declaração conjunta da presidência portuguesa e da Comissão Europeia. Ambas apelam a uma maior coordenação em matéria de vacinação, sobretudo quando se espera que os planos nacionais de imunização comecem a ganhar velocidade.
"As nossas decisões devem agora basear-se no trabalho científico da EMA e numa avaliação rigorosa e contínua dos riscos e benefícios. Hoje, apelo aos Ministros da Saúde para que sigam uma abordagem coordenada em toda a Europa no sentido de melhorar a confiança dos cidadãos", defende ainda a Comissária da Saúde, Stella Kyriakides, citada também no comunicado.
Quanto aos pontos comuns, "todos concordaram na necessidade de mais estudos de farmacovigilância para grupos específicos".
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