Coronavírus

Portugal retoma segunda-feira vacina da AstraZeneca, DGS deixa aviso e faz apelo a quem rejeitar tomá-la

Portugal retoma segunda-feira vacina da AstraZeneca, DGS deixa aviso e faz apelo a quem rejeitar tomá-la
RODRIGO ANTUNES/LUSA

Cerca de 120 mil pessoas ficaram por vacinar devido à suspensão da vacina da AstraZeneca. Vacinação de docentes e não docentes retomada no final do mês. Coordenador da task force de vacinação em Portugal fez o ponto da situação, diretora-geral da Saúde dirigiu-se a quem pensa recusar tomar a vacina devido às dúvidas que surgiram

Portugal retoma segunda-feira vacina da AstraZeneca, DGS deixa aviso e faz apelo a quem rejeitar tomá-la

Helena Bento

Jornalista

Portugal vai retomar o uso da vacina da AstraZeneca a partir de segunda-feira, anunciou em conferência de imprensa o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador da "task force" responsável pelo plano de vacinação.

"Vamos retomar o plano [de vacinação] acelerando e recuperando o atraso de quatro ou cinco dias em que estivemos parados sem a vacina da AstraZeneca", afirmou o responsável, adiantando que a vacinação de docentes e não docentes, nas escolas, será retomada no fim de semana de 27 e 28 de março.

Questionado sobre o número de pessoas que ficaram por vacinar devido à suspensão no uso desta vacina, Henrique Gouveia e Melo esclareceu que foram "perto de 120 mil". Serão vacinadas em breve, disse também, garantindo que "numa semana, semana e meia", o plano de vacinação estará recuperado. "Vamos recuperar rapidamente a vacinação dessas pessoas e vacinar outras. Dentro de uma semana, semana e meia, o plano estará recuperado, como se não tivéssemos feito uma pausa." O vice-almirante adiantou também que foram "reduzidas para 1,5 milhões" o número de vacinas da AstraZeneca para o segundo trimestre (estavam previstas cerca de 4,4 milhões). "Os planos já estão adaptados para essas quantidades", acrescentou.

Também presente na conferência de imprensa, Rui Ivo, presidente do Infarmed, reforçou a posição assumida pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) esta quinta-feira, referindo que as conclusões da agência foram "claras", seja em "relação aos benefícios da vacina [da AstraZeneca], que claramente superam os riscos de qualquer reação adversa", seja quanto ao facto "de não estar associada a um aumento geral do risco de formação de coágulos sanguíneos".

Vacina é "segura e eficaz", diz Agência Europeia do Medicamento

A referida agência assegurou hoje que a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 "é segura e eficaz", não estando também associada aos casos de coágulos sanguíneos detetados, que levaram à suspensão do seu uso.

Em videoconferência, Emer Cooke, diretora executiva da EMA, garantiu que a administração da vacina da AstraZeneca "não está associada a um aumento do risco de eventos tromboembólicos responsáveis pelos coágulos sanguíneos" nalguns dos vacinados com este fármaco.

Foi deixado, no entanto, um apelo no sentido de se manter a vigilância, uma vez que ainda não foi ainda possível "descartar de forma completa uma ligação entre casos (raros de formação de coágulos) e a vacina". Serão feitos mais estudos e na informação sobre o produto será acrescentada uma nota sobre possíveis riscos, adiantou a diretora executiva.

O que acontece a quem recuse tomar a vacina?

Rui Ivo adiantou também que estarão disponíveis, a partir desta sexta-feira, dois documentos sobre a vacina da AstraZeneca: um folheto informativo, destinado aos cidadãos, e outro documento destinado aos profissionais de saúde. Nem o responsável nem a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, descartaram a possibilidade de haver alterações na definição dos grupos prioritários para a toma, em concreto, desta vacina. "Temos de esperar que os documentos sejam, de facto, disponibilizados na sua forma final, escrita", disse apenas Graça Freitas.

Questionada sobre o que acontecerá a quem recusar tomar a vacina da AstraZeneca, a diretora-geral da Saúde avisou que a "alternativa é [essas pessoas] continuarem vulneráveis ao vírus e poderem desenvolver uma doença potencialmente grave". "Recusar a vacina significa que recusar proteger-se contra uma doença grave. O grande apelo que fazemos é que as pessoas ponderem muito bem antes de recusar seja esta vacina, seja outra de outra marca", sublinhou, reforçando que a vacina é segura e eficaz. "Quando as autoridades portuguesas introduzem no mercado numa vacina, é porque ela tem características de segurança, eficácia e qualidade e porque os benefícios superam os riscos. As pessoas devem ter sempre isso em mente."

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