Coronavírus

Portugal suspende vacina da AstraZeneca. Vacinação interrompida nas escolas

Portugal suspende vacina da AstraZeneca. Vacinação interrompida nas escolas
Remko de Waal/EPA

Com a suspensão da administração da vacina da AstraZeneca, o plano de vacinação vai atrasar "cerca de duas semanas", adiantou o coordenador da task-force para a vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo. Vacinação de docentes e outros funcionários nas escolas, prevista para este fim de semana, foi interrompida temporariamente

Portugal suspende vacina da AstraZeneca. Vacinação interrompida nas escolas

Helena Bento

Jornalista

Foi anunciada esta segunda-feira a suspensão da administração da vacina da AstraZeneca em Portugal. A decisão foi avançada em conferência de imprensa por Rui Ivo, presidente do Infarmed.

De acordo com o responsável, a "interrupção temporária" da administração desta vacina foi recomendada pela Direção-Geral da Saúde e a Autoridade Nacional do Medicamento, "tendo por base o princípio da precaução em saúde pública", na sequência da descoberta de "novos casos de reações adversas graves em vários países europeus" após a toma da referida vacina.

São casos, acrescentou, que estão "em avaliação", não tendo sido possível estabelcer uma relação de causalidade entre a vacina e os casos reportados. Segundo o presidente do Infarmed, os resultados dessa avaliação deverão ser conhecidos ao longo desta semana.

Com a suspensão da administração da vacina da AstraZeneca, o plano de vacinação vai atrasar "cerca de duas semanas", prevendo-se que a atual fase termine na terceira semana de abril, conforme adiantou o coordenador da task-force para a vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo, também presente na conferência. "A fase de vacinação que decorre neste momento estará terminada em meados de abril. Vamos concentrar as vacinas que temos disponíveis nos grupos mais prioritários, como as pessoas com comorbilidades e mais de 80 anos", referiu o coordenador, assegurando que as "metas" definidas vão ser cumpridas.

Interrompida vacinação nas escolas

Isto fará, porém, com que a vacinação que estava prevista arrancar nas escolas este fim de semana, a docentes e pessoal não docente, seja interrompida temporariamente. "Os planos que estavam em execução foram postos em pausa a partir de hoje [segunda-feira] à tarde" até "deixarem de existir dúvidas", referiu Henrique Gouveia e Melo.

Sobre o prazo durante o qual irá vigorar a suspensão, Henrique Gouveia e Melo não se pronunciou, limitando-se a referir que o processo está a ser coordenado a nível europeu. Nas declarações aos jornalistas, o coordenador da task-force deu ainda conta de casos de tromboembolismo, embora "distintos dos que estamos a referir", mas que também "motivaram a recomendação". "São de perfil clínico diferente e trata-se de situações que estão em recuperação".

No comunicado que a Direção-Geral da Saúde fez chegar às redações após a conferência de imprensa, fala-se em "escassos casos de eventos tromboembólicos notificados no país", com "características clínicas e laboratoriais distintas, de menor gravidade e complexidade, face aos casos reportados a nível da União Europeia que estão em avaliação".

Ainda de acordo com Henrique Gouveia e Melo, Portugal vai manter em armazém as 200 mil vacinas que já ali estavam, até que haja dados mais esclarecedores sobre a sua segurança. Já foram administradas, até ao momento, cerca de 400 mil vacinas da AstraZeneca em território português, adiantou também.

São casos "extremamente graves" mas "raros" também, diz Graça Freitas

Ainda sobre a vacina da AstraZeneca, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, referiu que, "embora extremamente graves", as reações adversas que levaram à suspensão da vacina em vários países (como Itália, Espanha, Eslovénia, Alemanha, França e, mais recentemente, o Chipre) também "são extremamente raras". "Estão identificados alguns casos mas já foram administradas cerca de 17 milhões de doses [desta] vacina. Reforçou que não foi ainda estabelecido um "nexo de causalidade" entre a vacina e essas reações, mas que se entendeu, por "precaução", suspender a toma.

Apesar de em Portugal "não terem sido reportados casos graves", Graça Freitas pediu às pessoas que já tomaram esta vacina para se manterem "atentas". Há sinais de alerta, como "mal-estar persistente durante alguns dias, sobretudo se acompanhado de nódoas negras ou hemorragias cutâneas". Nesses casos, avisou, é necessário consultar um médico.

E quanto às pessoas que só tomaram a primeira dose dessa vacina e aguardam a segunda? Está previsto que essa segunda toma "só ocorra daqui a muito tempo", portanto há que "aguardar tranquilamente", disse também a diretora-geral da Saúde.

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