Um cansaço intimidante, perigoso até: 28 depoimentos (dos 8 aos 76 anos) para compreender o que aconteceu em Portugal desde o 1.º caso covid
Já se escreveu praticamente tudo sobre a covid-19 e ainda sabemos tão pouco sobre este vírus. E sabemos ainda menos sobre a maneira como esta doença transformou individualmente a vida de todos os que a tiveram. Precisamente por isso, o Expresso pediu a um conjunto de portugueses - de todas as idades e de diferentes profissões - que relatassem a sua experiência desde o momento em que souberam que estavam infetados até à recuperação (em muitos casos as sequelas ainda se mantêm). São 28 depoimentos que nos ajudam a entender o impacto individual de uma pandemia que nos reconfigurou enquanto sociedade. E são 28 depoimentos inesquecíveis, cada um à sua maneira - como o de Simão Pereira, 11 anos, que teve de lidar com a culpa de ter “levado o vírus para casa” e ter infetado a mãe, que foi internada em estado grave. E há algo fundamental que atravessa todos estes depoimentos: uma sequela física comum na maioria dos relatos que vai ler que é também uma sequela mental - um cansaço permanente, intimidante. “Cansa-me o cansaço de estar sempre cansada”, lê-se num destes 28 textos. Um cansaço perigoso, traiçoeiro: num dos casos este cansaço estava a matar e a própria pessoa nem se apercebeu. O primeiro caso de covid em Portugal foi confirmado há precisamente um ano
