Coronavírus

A normalidade total regressa em junho: Boris apresentou o plano de desconfinamento do Reino Unido

A normalidade total regressa em junho: Boris apresentou o plano de desconfinamento do Reino Unido
REUTERS

O primeiro passo é a reabertura das escolas, já a 8 de março. As lojas não-essenciais e restaurantes com área exterior devem reabrir a meio de abril. A normalidade total é esperada para os primeiros dias de junho

A normalidade total regressa em junho: Boris apresentou o plano de desconfinamento do Reino Unido

Ana França

Jornalista da secção Internacional

O primeiro-ministro britânico apresentou esta segunda-feira à tarde algumas medidas para a abertura do país. Boris Johnson diz que espera não ter de desconfinar mais nenhuma vez, o que pressupõe que deseja evitar qualquer novo confinamento geral.

Tudo pode mudar, mas os britânicos estão ser vacinados a um ritmo rápido. É nessa taxa de inoculação que o governante conservador e os seus principais conselheiros baseiam o novo calendário de desconfinamento.

As escolas vão abrir a 8 de março, daqui a 15 dias, tal como estava previsto. Só depois pode o resto do país começar a pensar em usufruir de liberdades perdidas. Os alunos vão voltar quase à normalidade, com todas as atividades desportivas permitidas.

As escolas vão poder optar pelo modelo de reabertura que preferem, por exemplo, lecionando grupos de alunos diferentes a cada dia, para criar distância, ou testando a maioria das crianças antes de as admitirem nas aulas (plano que entronca noutro: o da testagem em massa através do envio de milhares de testes rápidos de fluxo lateral para escolas, fábricas, domicílios e empresas todos os dias). Os residentes de lares de idosos podem escolher uma pessoa da família para visitas regulares, com todas as proteções pessoais obrigatórias para que isso possa acontecer.

“Não podemos escapar ao facto de que sairmos do confinamento vai causar mais hospitalizações e, infelizmente, mais mortes. Isso vai sempre acontecer, seja o desconfinamento daqui a seis meses ou daqui a nove. Não há nenhuma rota para um Reino Unido com zero covid, nem para um mundo com zero covid”, disse Johnson na Câmara dos Comuns.

No entender de Johnson, este é um caminho de um só sentido: apesar de ter deixado o aviso de que não pode prometer que não haverá novos confinamentos, a ideia é que a economia esteja quase totalmente de regresso ao normal no início de junho - um desconfinamento “cauteloso mas irreversível”. A partir do dia 29 de março, os britânicos vão poder voltar a reunir-se ao ar livre, desde que não estejam presentes membros de mais do que dois agregados familiares. O confinamento deixará de ser obrigatório, mas o cuidado com deslocações não essenciais deve manter-se. “A obrigação legal de permanecer em casa acaba, mas para muitos a obrigação de recolhimento vai continuar. As pessoas devem continuar a trabalhar de casa sempre que possível e reduzir as viagens, sempre que possível”, avisou o primeiro-ministro.

O segundo grau de desconfinamento não deve ter início antes de 12 de abril. É essa a data marcada para a reabertura das lojas não essenciais, e só aí será possível ir ao cabeleireiro. Também a meio do mês de abril devem começar a reabrir os restaurantes, mas apenas para refeições ao ar livre. Não será essencial pedir uma refeição substancial para permanecer nas mesas, nem para pedir bebidas alcoólicas. Jardins zoológicos, museus, parques temáticos, cinemas drive-in, bibliotecas públicas e centros comunitários têm reabertura prevista para a mesma data.

Será também possível alugar uma casa de férias, ou, por exemplo, um bungalow num parque de campismo, mas só para membros de um mesmo agregado e as áreas comuns estarão fechadas. Os funerais passam a poder ter um máximo de 30 pessoas, os casamentos e os batizados só podem ter, no máximo, 15 convidados.

Dia 17 de maio tem início da terceira fase da reabertura do país, antes disso não, mas mediante a evolução dos dados, esta data pode ser alterada para os primeiros meses de verão. Os pubs e restaurantes vão poder voltar a servir dentro de portas. Cinemas, teatros, hotéis também poderão regressar à atividade normal e os grandes eventos, como concertos de pé, podem voltar, desde que todos os participantes sejam testados. Nada disto quer dizer que a distância social passe a ser desnecessária, ou pressupõe o fim da obrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados e onde a distância social seja impossível de manter, como supermercados.

A vacinação é o alicerce de toda esta esperança. “Toda a gente nos primeiros quatro grupos prioritários foi vacinada e esperamos que, até ao fim de julho, todos os adultos tenham recebido a primeira dose da vacina”, disse Johnson. “A vacina vai substituir a necessidade de restrições, mas de forma progressiva”, completou.

No primeiro dia do verão, o Reino Unido deve estar muito próximo da normalidade antiga, mas cada um destes passos está sujeito a uma avaliação periódica de impacto e por isso mesmo há cinco semanas de distância entre cada.

Em março, o Governo britânico vai apresentar mais detalhes sobre os “certificados pessoais de estado da covid-19”, ou seja, sobre a possibilidade de implantação de passaportes de vacinação e/ou teste atualizado para que algumas pessoas regularmente testadas ou com as duas doses de vacina tomadas possam circular com menos restrições ou aceder a eventos fechados, para que a economia comece a funcionar aos poucos.

Há algumas dúvidas éticas sobre o estabelecimento deste tipo de salvo-condutos porque a vacinação pode não estar acessível de igual forma às pessoas de todos os níveis sociais, etários, étnicos, de escolaridade, entre outros factores potenciais de discriminação. Johnson anunciou também planos para testar, já em abril, os efeitos de concentrações significativas de pessoas em locais com distanciamento social reduzido. Entre abril e maio, o Governo espera ter uma última série de estudos sobre a revisão das regras de distanciamento social, por exemplo a regra dos dois metros de separação entre pessoas em filas de lojas, a utilização obrigatória de máscaras ou o teletrabalho.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate